Os ministros dos Negócios Estrangeiros turco (Mevlut Cavusoglu) e o seu homólogo iraniano (Hossein Amirabdollahian) concordaram na integridade territorial e na unidade política da Síria como fazendo parte das garantias de segurança regional – necessária para acalmar as tensões que ali se fazem sentir.
Segundo os jornais turcos, os dois ministros abordaram a possibilidade de um encontro a nível de ministérios entre ambos e a Síria. Amirabdollahian disse que o Irão está satisfeito com a aproximação entre a Turquia e a Síria.
Na conferência de imprensa conjunta, Cavusoglu criticou o fracasso da Suécia em agir contra as manifestações que os apoiantes dos curdos levam a efeito naquele país europeu. É que os assuntos da Síria e a entrada da Suécia na NATO convergem neste ponto: são duas frentes do combate turco contra os curdos.
A Turquia tem tido a preocupação de ‘limpar’ a sua prevista perseguição militar ao curdos instalados em território sírio de quaisquer consequências nefastas para a sua política externa. Ou seja: Ancara tem tido a preocupação de convencer as potências com influência na Síria (Rússia e Irão) de que uma eventual entrada das suas forças militares na Síria servirá única e exclusivamente para perseguir os curdos e nunca para remover o regime de Bashar al-Assad do poder. É que, convém recordar, os turcos (assim como os curdos, curiosamente) estiveram do lado das forças internacionais que se colocaram a favor da oposição a Bashar al-Assad no início da guerra na Síria, há pouco mais de dez anos.
No final de uma décadas, todas as forças retiraram (ou estão em retirada) da Síria, mas Bashar al-Assad permaneceu no poder. Agora, o regime de Recep Erdogan quer deixar claro que não só não pretende remover al-Assad, como está interessado em fazer regressar o bom entendimento diplomático entre os dois países.
Para al-Assad, isso funcionará como uma espécie de reabilitação. A comunidade internacional deixou de ter relações com a Síria e mesmo a Liga Árabe ‘faz de conta’ que al-Assad não existe. O interesse turco no território poderá ajudar a ultrapassar essa dificuldade do governo de Damasco.