O UBS está em negociações para a compra de parte ou da totalidade do Credit Suisse, avança esta sexta-feira o ‘Financial Times” (acesso pago). O banco central suíço e o regulador, Finma, estarão a tentar chegar a uma solução em tempo recorde, antes da abertura dos mercados na segunda-feira. Recorde-se que o valor de mercado do banco afundou quase 30% durante esta semana.
As duas instituições procuram assim uma forma de solucionar a desconfiança que se gerou em torno do Credit Suisse. A notícia surge depois de ter sido confirmado que o banco central suíço iria injetar até 50 mil milhões de francos suíços no banco, uma medida que não parece ter sido suficiente para conter o receio dos mercados.
Com as praças mundiais encerradas, o banco central e o regulador suíços acreditam que esta pode ser a altura ideal para avançar com o negócio, que poderá empurrar o UBS Group AG a adquirir o congénere helvético, seja em parte ou na totalidade. O UBS é um dos principais players de serviços financeiros do mundo.
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Esta mesma sexta-feira, tanto o UBS como o Credit Suisse deixaram a garantia de que a fusão forçada não seria uma opção, apesar de os mercados mostrarem receios de que a injeção de liquidez por parte do banco central possa não ser suficiente para salvar o banco. A isto, junta-se a confirmação de que, apesar de a situação ter contornos de enorme incerteza, os sauditas do Saudi National Bank não pretendem voltar a financiar o Credit Suisse.
O Saudi National Bank, detido em 37% pelo fundo soberano da Arábia Saudita, tem uma participação de cerca de 10% no banco, o que faz do mesmo o maior acionista da instituição bancária.
De recordar que, na quinta-feira, a DBRS Morningstar baixou o rating de Emissor de Longo Prazo relativo ao Credit Suisse de A (low) para “BBB” (o último grau antes de lixo), além de manter o outlook em terreno negativo.
A notícia refere que estão em cima da mesa as opções de compra parcial e total. O objetivo das duas instituições com esta operação passa por acabar com o clima de desconfiança e dúvida em torno do banco.
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Mais, o diário britânico refere que os reguladores suíços terão já comunicado esta intenção aos reguladores norte-americanos e britânicos, de forma a avançar rapidamente com as diligências necessárias para identificar possíveis restrições regulatórias, já que o Credit Suisse opera em várias jurisdições.
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A fusão da UBS e do Credit Suisse é o “plano A” para conter a acentuada desvalorização do banco, mas haverá outras opções em cima da mesa, segundo a informação avançada pelo FT.
Atualmente, o UBS tem um valor de mercado na ordem dos 56 mil milhões de dólares. Já o Credit Suisse encerrou a semana com um valor de mercado de 8 mil milhões, depois de ter emagrecido 2,7 mil milhões desde segunda-feira.
Nenhuma das quatro instituições envolvidas quis, para já, prestar comentários, mas segundo informações avançadas pela Bloomberg na quinta-feira, tanto o UBS como o Credit Suisse opõe-se a uma fusão forçada, com o primeiro a preferir focar-se na sua estratégia e reticente quanto a absorver potenciais riscos do pequeno rival.
Contudo, como alguns analistas começam a referir, o UBS poderá não ter alternativa.
Notícia editada e atualizada às 23h50.