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Ucrânia. Aumento do preço dos combustíveis é “inevitável” e “muito provavelmente” já na próxima semana, avisam petrolíferas

O barril de referência para Portugal atingiu hoje um novo máximo desde 2014. E as cotações da gasolina e do gasóleo nos mercados internacionais estão esta semana a negociar em alta, o que indica que os portugueses deverão sentir novo aumento na bomba na próxima semana.
24 Fevereiro 2022, 17h33

A invasão russa da Ucrânia deverá provocar um aumento do preço dos combustíveis em Portugal, devido à subida dos preços do barril de petróleo e da consequente subida do preço do gasóleo e do gás natural nos mercados internacionais.

“É inevitável”, disse hoje o presidente da Associação Portuguesas de Empresas Petrolíferas (Apetro). “Se houver um aumento das cotações da gasolina e do gasóleo, em consequência da instabilidade, acabaremos por sentir os impactos disso nos preços praticados em Portugal e na União Europeia”, acrescentou António Comprido.

O preço dos combustíveis em Portugal a cada semana é definido pela cotação média da gasolina e do gasóleo na semana anterior nos mercados internacionais.

Olhando para os dados dos três primeiros dias da semana, houve uma “tendência de subida de gasolina e do gasóleo”. Isto “indicia que, muito provavelmente iremos assistir a novos aumentos na próxima semana”, segundo o responsável.

O barril de referência para Portugal atingiu hoje os 103 dólares, um novo máximo desde 2014. Neste momento, o barril de Brent está a subir 6,44% e negoceia nos 100,11 dólares.

A Rússia é o maior fornecedor de petróleo e de gás natural à União Europeia, segundo dados do Eurostat, relativos ao período entre 2017 e o primeiro semestre de 2021.

“Temos o barril acima dos 101 dólares por barril, já ultrapassou a barreira psicológica dos 100 dólares”, destacou António Comprido. “O mercado está a ser afetado pelas tensões geopolíticas. Se piorar, tem tendência a pressionar os preços em alta. Se aliviar, vai pressionar os preços em baixa. Esta perturbação na Ucrânia vem baralhar as regras do jogo todo. É uma situação diferente, de instabilidade geopolítica”.

Questionado sobre as previsões do banco norte-americano JP Morgan, que aponta para o barril a 125 dólares, António Comprido disse ser “sempre muito cético em relação a previsões de longo prazo, a minha experiência diz que raramente se verificam”.

“Essas previsões baseiam-se em modelos que não conseguem ter todas as variáveis consideradas, como uma situação de guerra no continente europeu, ainda por cima envolvendo uma superpotência económica e militar e com importância muito grande. Vai provocar grande perturbação nos mercados, e no sentido de pressionar preços em alta”, acrescentou.

“Os mercados ficam muito nervosos, não funcionam apenas em termos racionais e descontam todas estas indefinições e risco que existem associados a uma potencial guerra”, destacou o líder da Apetro que conta com uma experiência de décadas no sector petrolífero.

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