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Ucrânia: Ex-MNE português afasta intervenção da NATO após ataque a base fronteiriça

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português António Martins da Cruz afirmou este domingo que a NATO deve continuar sem intervir no conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, enquanto os ataques se mantiverem dentro das fronteiras ucranianas.
13 Março 2022, 16h03

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português António Martins da Cruz afirmou este domingo que a NATO deve continuar sem intervir no conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, enquanto os ataques se mantiverem dentro das fronteiras ucranianas.

“Nunca se justificará a intervenção da NATO enquanto o ataque russo se mantiver dentro das fronteiras da Ucrânia”, afirmou o também ex-embaixador da NATO à agência Lusa, comentando o recente bombardeamento de uma base militar a poucos quilómetros da Polónia, um centro de treino de voluntários estrangeiros.

“As linhas vermelhas [para a NATO] são as fronteiras da Ucrânia e da Rússia com os países da NATO, ou seja, do lado da Rússia os três estados bálticos da Rússia e, da Ucrânia, os estados da NATO que fazem fronteira com a Ucrânia: Polónia, Eslováquia, Hungria e Roménia”, justificou.

O antigo embaixador português na NATO durante cinco anos falava depois de o exército russo ter hoje, 13 de março, bombardeado uma base militar perto de Lviv, no oeste da Ucrânia, provocando pelo menos 35 mortos e 134 feridos.

Para António Martins da Cruz, esta base militar “não é da NATO”, por isso “para a União Europeia [UE] e para a NATO, é um ataque dentro do território ucraniano”.

O antigo embaixador apontou que “a Rússia escolheu este alvo para avisar os países da NATO, da UE e os Estados Unidos da América, os aliados que estão a fornecer equipamento militar à Ucrânia, e a Rússia considerar isso um ato hostil”.

Na opinião deste especialista, “como o reabastecimento de equipamento militar pode estar a ser feito através desta base aérea, visa destruir essa via de comunicação”.

Para o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, o conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia só pode terminar “através da via diplomática e de negociações” e a Rússia “é que marca o tempo da negociação, depois de ter marcado o tempo da invasão”.

Esta base militar em Yavoriv serviu, nos últimos anos, como campo de treino para as forças ucranianas sob a supervisão de instrutores estrangeiros, principalmente americanos e canadianos.

A base de Yavoriv também foi um dos principais centros usados para exercícios militares conjuntos entre as forças ucranianas e da NATO. As tropas estrangeiras deixaram a Ucrânia pouco antes do início da invasão russa.

É também a esta base que chega parte da ajuda militar entregue à Ucrânia pelos países ocidentais.

O ataque relatado hoje ocorre depois de a Rússia ter ameaçado no sábado atingir armas que os países ocidentais estão a enviar para a Ucrânia, incluindo sistemas de defesa aérea portáteis e sistemas de mísseis antitanque.

O Exército russo, que iniciou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, concentrou seus objetivos no leste e sul do país, bem como ao redor da cidade de Kiev.

Há vários dias, os ataques também atingem áreas do oeste do país, próximos às fronteiras com a Polónia e a Moldova, os pontos mais utilizados pelos ucranianos que se querem refugiar na União Europeia.

A ofensiva militar russa na Ucrânia já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

[notícia alterada às 16h43 para corrigir a designação, no primeiro parágrafo, de ‘ministro dos Negócios Estrangeiros’ para ‘ex-ministro dos Negócios Estrangeiros’]

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