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Respostas Rápidas: Estão as negociações entre Kiev e Moscovo no bom caminho?

Apesar da invasão, a diplomacia nunca deixou de funcionar, mesmo entre invasor e invadido, mesmo que os resultados não sejam para já, imediatamente visíveis.
14 Março 2022, 17h15

As negociações desta segunda-feira correram bem?

Depende dos pontos de vista. Desde logo porque o encontro foi suspenso pouco depois do início da tarde. As boas notícias – ou aquilo que os analistas consideram que pode ser uma boa notícia – é que as negociações foram interrompidas para uma “pausa técnica” e serão retomadas terça-feira, 15 de março. A informação é avançada por Mykhailo Podoliak, conselheiro do presidente ucraniano, é que a pausa fica a dever-se a “trabalho adicional” que tem de ser feito em “subgrupos de trabalhos” e à necessidade de “clarificação de definições”. Aparentemente, é de relevar o facto de estas indicações permitirem inferir que há uma tentativa de as duas partes encontrarem uma plataforma comum, que sirva para uma verdadeira troca de pontos de vista e não para um monólogo duplo que não leve a lado nenhuma.

Se houve aproximação? Há que acreditar que sim – e para isso o Ocidente tem de acreditar na versão de Volodymyr Zelensky, que já disse ter encontrado alterações sensíveis na postura do Kremlin: “a delegação russa já não está apenas a chegar às negociações com ultimatos”.

 

É possível um encontro entre Zelensky e Vladimir Putin?

Sim. Resta saber em que altura. Em princípio, e acreditar nos militares que profusamente têm comentado a situação no terreno, a altura em que Putin aceitar encontrar-se com o seu homólogo coincidirá com a altura em que Moscovo considera que atingiu (ou está perto disso) os seus objetivos militares e estratégicos. Isso é o mesmo que dizer que a parte ucraniana se apresentará nessa eventual cimeira como o lado derrotado e por isso subalternizado em relação à vontade russa.

 

Será possível que Moscovo desça o nível de exigências?

É altamente improvável. As linhas vermelhas traçadas e apresentadas como imposições sem margem de discussão – a aceitação da Crimeia como parte da Rússia e da independência das repúblicas do Donetsk e de Lugansk e a retirada da entrada na NATO da Constituição ucraniana – são para manter.

 

Israel tem alguma vantagem como mediador?

Vale a pena recordar que Chaim Weizmann, o primeiro presidente de Israel, nasceu em Pinsk, cidade que faz hoje parte da Bielorrússia. Ou seja, uma parte substancial dos judeus que repovoaram o território atualmente ocupado por Israel (ou ocupado em 1948) quer antes quer depois da fundação do Estado hebraico, é originária da Rússia e dos territórios que compunham a União Soviética, Ucrânia incluída (e particularmente Odessa). Desse ponto de vista, há uma implicação histórica entre Israel e os países que se encontram em guerra. Mas, na atualidade, e descontando-se o comércio bilateral, parece ser mais aquilo que separa que aquilo que aproxima a Rússia de Israel.

 

Porque não é a ONU a liderar as negociações entre as duas partes?

Muitos analistas consideram que devia ser António Guterres e não o primeiro-ministro israelita os presidentes da China ou da Turquia a oferecer os empréstimos para as negociações. Em teoria, isso é evidente. Mas, ao avançar com declarações inflamadas sobre a invasão perpetrada por um dos cinco países com lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, Guterres sabia que estava a hipotecar esse seu futuro papel. Mais: ao convocar uma Assembleia Geral para votar uma resolução contra a invasão da Rússia (com cinco votos contra em 193), o secretário-geral da organização sabia que o seu papel mediador junto da Rússia tinha acabado de se evaporar.

 

Qual o passo mais recente da diplomacia?

Esta segunda-feira, Volodymyr Zelenskiy entrou em contato com o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis. Em conversas telefónicas, Mitsotakis expressou o “apoio indivisível” da Grécia a Kiev, enfatizando que, apesar da fúria russa, Atenas está comprometida em enviar mais assistência à Ucrânia , bem como em receber refugiados da Ucrânia.

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