[weglot_switcher]

UE vai perder 50 milhões de trabalhadores até 2050

As projeções são de que a Europa caminha para um “suicídio demográfico”, avisam dois investigadores da Fundação Robert Schuman, um dos mais importantes centros de estudos sobre a UE, citados este domingo pelo jornal Expresso.
18 Fevereiro 2018, 15h38

A União Europeia vai perder 50 milhões de trabalhadores até 2050, com o número de nascimentos a ser insuficiente para assegurar a renovação das gerações e na grande maioria dos Estados.

As projeções são de que a Europa caminha para um “suicídio demográfico”, avisam dois investigadores da Fundação Robert Schuman, um dos mais importantes centros de estudos sobre a UE, citados este domingo pelo Expresso.

Em entrevista a este jornal, o economista Michel Godet, coautor de um artigo publicado esta semana, explica que “não há consciência da dimensão deste problema”. Mas apesar de não constar da agenda política, a demografia tem um forte impacto na economia: o crescimento do PIB é mais baixo nos países onde o aumento de população é menor.

O especialista acredita que o envelhecimento fará diminuir para metade o potencial de crescimento económico da Europa até 2040. E a tecnologia não será suficiente para o contrariar. A prova é que, “apesar de todos os avanços tecnológicos, tanto o crescimento económico como a produtividade têm vindo a desacelerar de forma consistente na Europa, no Japão e nos Estados Unidos desde o início da década de 80”.

O problema acarreta também o risco de uma convulsão cultural. A população vai diminuir na Europa e disparar em África, com um crescimento de 1,3 mil milhões de habitantes nas próximas três décadas, dos quais 130 milhões só no Norte de África.

“A pressão migratória sobre a Europa será maior do que nunca. Haverá um choque demográfico: uma implosão dentro da UE e uma explosão fora das suas fronteiras”, alertam os investigadores, lamentando que as instituições europeias não atuem.

Michel Godet considera, contudo, que ainda há tempo para evitar o suicídio demográfico, através de uma aposta forte em políticas de família que promovam a natalidade. Já a Comissão Europeia admite a gravidade do problema, mas apesar de recomendar alterações no mercado de trabalho e nos sistemas de proteção social, considera que essas políticas competem a cada Estado-membro.

Ao Expresso, fonte da Comissão sublinhou ainda que a imigração poderá contribuir para absorver o impacto do declínio demográfico, embora reconheça que não seja suficiente.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.