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UEFA estima perdas de receitas entre seis e 8,5 mil milhões de euros para 2020 e 2021

Andrea Traverso, diretor financeiro do órgão que tutela o futebol europeu deixa ainda o aviso aos principais clubes europeus. “Não podem continuar a pagar os mesmos salários que pagavam antes da pandemia, porque as receitas caíram abruptamente”.
4 Dezembro 2020, 19h01

A UEFA estima que a perda de receitas no futebol europeu ao dia de hoje, devido à pandemia da Covid-19, ronde os seis e os 8,5 mil milhões de euros. A revelação foi feita por Andrea Traverso, diretor financeiro da entidade esta sexta-feira, 4 de dezembro, durante a Web Summit, no painel ‘Football: Financing the game without fans’.

“É importante referir que as coisas mudam rapidamente e as previsões que estamos a fazer agora, daqui a umas semanas podem ser completamente obsoletas. Este impacto foi sentido nos clubes através das suas receitas dos dias de jogo pela ausência de adeptos no estádio, mas também em termos de publicidade e das transmissões televisivas, sendo que neste último caso teremos ainda esperar para ver o que acontece na temporada 2020-2021”, explicou o responsável.

Presente neste painel esteve também José María Cruz, CEO do Sevilla FC que assumiu que o clube espanhol estava numa “boa situação financeira em 2019 devido à campanha europeia e por termos feito um bom campeonato espanhol, e com isso não registamos perdas significativas ao nível das transmissões televisivas”.

O CEO do clube espanhol abordou ainda a questão da incapacidade de alguns clubes negociarem os salários com os seus jogadores, por falta de dinheiro proveniente de outras receitas, mas deixou o apelo. “Por favor não parem os pagamentos aos clubes, porque se criarmos uma corrente de falta de pagamento entre os clubes será dramático para toda a indústria”.

Um ponto que Andrea Traverso fez questão também de abordar, frisando que o futebol é um mercado resiliente, mas que enfrenta atualmente uma volatibilidade nas receitas, devido a uma crise nunca antes vista. O responsável deixou mesmo um aviso aos principais clubes europeus.

“É difícil dizer durante quanto tempo a indústria do futebol pode aguentar esta situação, mas podemos dizer que a médio prazo a situação vai ficar insustentável para os clubes grandes e por isso, parece-me claro que esses clubes não podem continuar a pagar o mesmo tipo de salários que pagavam antes da pandemia, porque as receitas caíram abruptamente”, salientou.

José María Cruz destacou também as dificuldades para planear uma nova temporada, bem como remodelar o clube face a todas as dificuldades financeiras. “É muito difícil. Tivemos de fazer algumas mudanças no nosso estádio para receber a final da Liga Europa em 2021-2022, fizemos algumas melhorias no nosso centro de treinos, mas tivemos de abandonar a ideia de construir uma nova academia para o clube, bem como travar o plano de expansão internacional do clube enquanto marca”, sublinhou.

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