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UGT diz que reabertura gradual da economia “deve ser induzida em doses de confiança maciça”

O líder da UGT, Carlos Silva, defendeu hoje que a reabertura gradual da economia “deve ser induzida em doses de confiança maciça”, com medidas de proteção individual no local de trabalho, alteração de turnos e redução presencial.
1 Maio 2020, 10h55

O primeiro-ministro, António Costa, deu a conhecer na sexta-feira o plano de retoma da economia que define as datas em que serão reabertos vários setores da atividade.

No discurso que assinala o Dia do Trabalhador, Carlos Silva afirma que a UGT defende “a reabertura gradual da economia, para que o país não entre numa espiral recessiva, que levaria décadas a ultrapassar com inerentes sacrifícios e dor”.

No entanto, defende, “essa reabertura deve ser induzida em doses de confiança maciça, com medidas de proteção individual no local de trabalho – produtos desinfetantes, luvas, máscaras, distanciamento social, alteração de turnos, redução presencial”.

A este propósito, saúda a decisão do Governo em atribuir mais competências e recursos à Autoridade para as Condições do Trabalho para fiscalizar, de “forma efetiva e com proximidade, os inúmeros abusos e ilegalidades já cometidos” de “forma oportunista, por tantos empresários sem escrúpulos que, no primeiro momento da crise, aproveitaram de imediato para despedir os seus trabalhadores”.

“Além da ilegalidade de muitos destes atropelos, subsiste uma enorme imoralidade e isso tem de ser denunciado e penalizado de forma exemplar pelos serviços de fiscalização do Estado”, defende.

O primeiro-ministro disse na sexta-feira que o Governo optou por manter “a obrigatoriedade do teletrabalho durante todo o mês de maio para as atividades que podem estar nessas condições”, tendo em vista “não aumentar neste momento a pressão também sobre os transportes públicos”.

Sobre este ponto, Carlos Silva disse que “perante esta massificação” do teletrabalho, “subsistem dúvidas sobre a forma de prestação de trabalho, nomeadamente o conceito de retribuição, a sua forma de controlo à distância e o cumprimento dos horários, entre outros aspetos, que devem ser dissipadas”.

“A UGT e os seus sindicatos e dirigentes estão cientes do momento excecional que Portugal vive, onde o papel e a valorização da concertação social e dos parceiros sociais é mais importante do que nunca, na procura de soluções partilhadas e consensualizadas para defender o nosso país”, afirma.

Para o dirigente sindical, “o mais importante neste período é cuidar de quem precisa de cuidados, de apoio e carinho, sem esquecer que há de chegar a altura de analisar as consequências desta crise e decidir como e o quê reivindicar”.

Para a UGT, “a resposta social à crise que se abate já sobre milhares de trabalhadores”, uns despedidos, outros em lay-off, com perda parcial de rendimentos, e outros com contratos precários não renovados, “não pode ser uma dose de austeridade” como a que aconteceu “depois da crise de 2008” em que ficou comprovado ser “uma receita errada, com o desemprego a atingir 17,5% e com a emigração como destino de sentido único”.

“Os apoios do Estado à recuperação económica devem merecer um amplo equilíbrio entre empresas e famílias, obrigando à preservação de postos de trabalho para todas as empresas que receberem apoios”, defende Carlos Silva, cujo discurso pode ser acompanhado nas redes sociais da central sindical, uma vez que as comemorações agendadas para Vila Real foram canceladas devido ao estado de emergência.

Portugal está em estado de emergência até às 24:00 de sábado e às 00:00 de domingo passa para situação de calamidade, tendo o Governo aprovado na quinta-feira o plano de desconfinamento.

Os últimos dados da Direção Geral da Saúde indicam que Portugal regista 989 mortos associados à Covid-19 e 25.045 infetados.

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