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Última estátua de Franco em solo espanhol foi removida no enclave de Melilla

Derrube da estátua ocorre 14 anos depois da lei que impõe que os símbolos da ditadura espanhola têm de ser removidos. Em Portugal, a remoção de estátuas e de símbolos históricos, associados quer à ditadura de Salazar quer ao antigo império português, também são tema de debate por estes dias.
24 Fevereiro 2021, 10h58

A última estátua em solo espanhol do ditador fascista Francisco Franco foi retirada. De acordo com a britânica “BBC”, a última estátua do general que governou Espanha durante 36 anos encontrava-se em Melilla e foi retirada após o enclave espanhol no Norte de África ter aprovado a sua remoção. O partido espanhol de extrema-direita Vox foi o único a opor-se.

A estátua fora colocada às portas da cidade autónoma espanhola, que se localiza na costa norte de Marrocos. A estátua do ‘Generalíssimo’ foi derrubada 14 anos depois da aprovação da Lei da Memória Histórica, que reconhece legalmente o sofrimento das vítimas do regime fascista espanhol liderado por Franco, um regime que ficou conhecido por franquismo.

Segundo a lei de 2007, os símbolos da ditadura têm de ser removidos. O processo da retirada dos símbolos do regime de Franco, que inclui outras estátuas de figuras associadas ao fascismo em Espanha, têm-se desenrolado de forma gradual.

O general Franco chegou ao poder em 1939, depois das forças que liderava terem vencido a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) com o apoio militar do regime nazi de Hitler e do regime fascista de Mussolini. Após a sua elevação como Chefe de Estado, ‘O Caudilho’, como ficou conhecido, implementou um regime ditatorial de natureza fascista. A ditadura de Franco durou até à sua morte, em 1975, ano em que se iniciou a transição democrática espanhola.

O franquismo marcou a História de Espanha no século XX, sobretudo, pelas mais de 30 mil mortes provocadas na Guerra Civil Espanhola, mas também pelo controlo e censura da comunicação social e pelo controlo autoritário do modo de vida da população espanhola

O general Franco foi sepultado no Vale dos Caídos, em Madrid, um imponente mausoléu construído por presos políticos durante o regime ditatorial. No mesmo local, estão os restos mortais de dezenas de milhares de vítimas da guerra civil. O local tornou-se numa zona de culto para a extrema-direita espanhola. E em 2019 esteve envolvido em polémica, após o Governo espanhol ter deliberado a transladação dos restos mortais do ditador para um local mais discreto.

Remoção de estátuas e símbolos históricos polémicos são tema em Portugal
O derrube da última estátua de Franco ocorre numa altura em que, em Portugal, a remoção de estátuas e de símbolos históricos, associados quer à ditadura fascista de Salazar quer ao antigo império português são tema de debate. A polémica estalou quando  o Parlamento aprovou um voto de pesar pela morte do tenente-coronel Marcelino da Mata, uma figura controversa da Guerra Colonial Portuguesa e do pós-25 de Abril. Marcelino da Mata destacou-se na guerra pela sua participação em operações secretas, levadas a cabo pelos Comandos, tornando-se no militar mais condecorado ainda antes do 25 de Abril.

O voto de pesar a Marcelino da Mata contou com a oposição de três deputados do PS, destacando-se Ascenso Simões que, num artigo publicado no jornal “Público”, defendeu que “o país esquece rápido o seu passado”. Nesse sentido, o socialista defendeu que o Padrão dos Descobrimentos “devia ter sido destruído” e que no 25 de Abril “devia ter havido sangue, devia ter havido mortos”.

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