Calamidade; oportunidade; ficção científica que se tornou realidade; ganhos nunca vistos de eficiência; o fim da humanidade; um novo futuro para a humanidade; fundamental regular; fundamental continuar com a inovação; fazer uma pausa de seis meses ou reforçar a aceleração – estas são algumas das palavras e frases que temos ouvido e lido, de forma cada vez mais intensa, em conferências, revistas e comentários.

Haverá razões para isso? Sim!

Quem tem estado mais próximo dessas novas tecnologias, que saíram para o “comum mortal” com o fenómeno público do ChatGPT, reconhece a aceleração exponencial a que estamos a assistir diariamente.

A Inteligência Artificial (IA) não é algo novo, tendo em conta que os primeiros registos de estudos têm origem no pós-Segunda Guerra Mundial. A realidade é que nesta última década, em particular, o seu desenvolvimento ganhou novas amplitudes e capacidades, chegando-se agora a uma maturidade elevada do paradigma da Inteligência Artificial Generativa (IAG), a qual permite que as máquinas criem conteúdo original, como imagens, músicas e textos, imitando a criatividade humana.

Recentemente, o conceituado filósofo contemporâneo Yuval Harari referiu, numa sessão em Portugal, que a “inteligência artificial é mais perigosa que a bomba atómica”. Também no primeiro trimestre de 2023, Elon Musk, Steve Wosniak e outras personalidades, reconhecidas pelas suas capacidades de inovação tecnológica, subscreveram uma carta pública para suspender por seis meses os desenvolvimentos de IA (como se tal fosse apenas carregar num botão), mas, se formos um pouco mais atrás no tempo, já em 2017 Bill Gates sugeria que os robôs começassem a pagar impostos, como forma de compensação e equilíbrio social da humanidade.

De facto, o “outro lado” existe e existirá sempre que atravessamos revoluções. Toda e qualquer revolução, seja ela industrial, política ou social, apesar de terem, na sua grande maioria, géneses positivas e desejos beneméritos, trazem sempre consigo ambições distintas, corrupções de sociedades. Esta revolução tecnológica que vivemos hoje não é diferente nesse aspeto das demais, sendo que a maior diferença para tudo o que já assistimos, até agora, é que esta é uma revolução silenciosa, sedutora e aceleradora.

Silenciosa porque o humano não a vê, apenas a sente. Sedutora porque a tecnologia influencia diretamente o indivíduo pelo conhecimento integral de toda a sua psicologia. Aceleradora porque diariamente se multiplica com duas ou três vezes maior capacidade de revolucionar uma sociedade e uma humanidade. No fundo, estamos a assistir cada vez mais àquilo a que filmes de ficção científica dos anos 80 e 90, como “Blade Runner” (1982) e “The Matrix” (1999), exploraram. Isto é, a ideia de que máquinas autónomas capazes de criar realidades simuladas e desafiar a distinção entre humanos e máquinas, se tornem realidade.

Perante isto, temos de trazer o debate que interessa: como criar regras, legislação ou modelos de controlo para um mundo novo e desconhecido que se avizinha, e que não desejamos se torne selvagem, totalitário e centralizado? Isto é fundamental, para garantir a meritocracia, a ética e a responsabilidade no novo jogo da humanidade e da competitividade empresarial! As oportunidades são infinitas, num jogo que já começou…