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Um Jardim plantado com vista para ‘tubarões’ europeus

O super AS Mónaco, que encanta os relvados franceses e ‘faz miséria’ na Liga dos Campeões, tem um cérebro português na sua génese. Um técnico com uma filosofia desde o modesto Camacha aos grandes palcos do futebol europeu.
  • Leonardo Jardim – Treinador do AS Mónaco
24 Abril 2017, 07h30

“Importante não é o resultado, importante é o processo”. Quem o conhece de perto diz que é muito mais que um slogan; é uma filosofia que acompanha o madeirense nas conferências de imprensa mas é dentro do balneário que é repetida à exaustão.

“Sim, é isso, é uma filosofia dele e é transversal a todos os clubes. Lembro-me que a repetia em todos os sítios onde estivemos juntos e tinha a ver com seguir uma linha”, explicava Carlos Pires, antigo adjunto de Leonardo Jardim no Desportivo de Chaves, Beira Mar, Sporting de Braga e Olympiacos ao MaisFutebol em 2013.

O treinador português que já surpreendeu a Europa na presente edição da Liga dos Campeões traça objectivos no início da temporada, define objectivos concretos e se a equipa for crescendo de forma sustentada até atingir esses objectivos, Jardim dá-se por satisfeito.

O actual líder da Ligue 1 (principal Liga francesa) e semi-finalista da Liga dos Campeões valoriza mais o processo do que os resultados e existem uma série de metas que têm de ser atingidas para que as conquistas não sejam de um trabalho com pouco sustento, e por isso, com poucas probabilidades de ser repetido.

Sempre o processo, da Camacha ao Mónaco

A filosofia de Jardim nasceu desde o dia em que Leonardo se estreou como treinador principal: época de 2003/04, no Camacha: 38 jogos e 17 vitórias na temporada de estreia. Um registo pouco auspicioso mas o slogan ajudou-o e mesmo num país que é um autêntico cemitério de treinadores, Jardim fez quatro temporadas completas. Porquê?

Porque o mais importante é o processo. Seguiu-se Chaves, Beira-Mar, Sporting de Braga, Olympiacos e Sporting CP. E no final da temporada de 2013/14, uma enorme surpresa: o AS Mónaco, renascido pelos milhões do magnata russo Dmitri Rybolovlev, escolheu Jardim para dar nova vida aos monegascos onde militavam estrelas (e algumas ainda lá estão) como Falcão, Berbatov, Moutinho, Ferreira-Carrasco e Ricardo Carvalho: terceiro lugar na Ligue 1 e quartos-de-final da ‘Champions’… para início do processo, não está mau.

Na época seguinte, já sem estrelas como Falcão e Ferreira-Carrasco, Jardim pegou nos ‘miúdos’, fez das fraquezas forças e manteve o Mónaco entre os três melhores da Ligue 1.

O processo consolidava-se e a os monegascos bateram todos os recordes na venda de um jogador feito por Jardim: Martial, promissor avançado francês, a caminho de Old Trafford por uns espantosos 85 milhões de euros.

E a história não acaba aqui: poderá Jardim finalizar o processo com uma época espantosa? Na ‘Champions’, o que vier é lucro; em França, vergar o ‘camião’ de milhões vindo de Paris será incrível! E Jardim poderá levar o seu processo para outras paragens!

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