Jacinda Ardern tem 42 anos e é, até dia 7 de fevereiro, a primeira-ministra da Nova Zelândia.
A sua jornada pela política começou em 2008, quando integrou o Parlamento pela primeira vez, tendo assumido a liderança do Partido Trabalhista em 2017, e ainda líder da oposição durante os três meses anteriores à sua eleição como primeira-ministra. Foi eleita em 2017 e, aos 37 anos, tornou-se a líder mais nova do país em 150 anos. Durante o seu primeiro discurso como primeira-ministra, admitiu “ser uma honra e um privilégio ter a capacidade de formar um governo como líder do partido trabalhista para todos os neozelandeses”. Na noite anterior às eleições, criou o movimento #AskJacinda na rede social twitter, onde respondia às várias perguntas que os eleitores lhe deixavam.
Em 2018 foi mãe, sendo a segunda chefe de um governo a estar grávida durante o mandato. A primeira-ministra ainda gozou da licença de maternidade após o nascimento da sua filha, a 21 de junho de 2018, completando mais um marco. O nome que escolheu para a sua filha foi em tributo à cultura Maori, que foi o primeiro povo colonizador a chegar à Nova Zelândia, Neve Te Aroha foi o nome escolhido.
Em setembro do mesmo ano apareceu com a sua filha bebé e o seu companheiro, Clarke Gayford, numa assembleia-geral da ONU, em Nova Iorque.
A 19 de março de 2019 enfrentou os atentados de Christchurch, um atentado terrorista realizado pelo australiano Brenton Tarrant contra duas mesquitas. Pelo menos 51 pessoas morreram e 49 ficaram feridas no tiroteio. Este ato foi considerado “um ato de violência extrema e sem precedentes” pela primeira-ministra, que classificou aquele dia como “um dos dias mais sombrios da Nova Zelândia”. O seu papel após estes atentados foi fundamental, pois mostrou uma resposta empática com as vítimas, tendo visitado e apoiado todos os que sofreram com os atentados.
“O que aconteceu em Christchurch é um extraordinário ato de violência extrema. Não tem lugar na Nova Zelândia. Muitos dos afetados são membros da nossa comunidade de imigrantes- a Nova Zelândia é a casa deles- eles são parte de nós.”, escreveu a Ardern na sua conta do Twitter logo a seguir ao atentado.
Passados apenas seis dias dos atentados, baniu as armas semiautomáticas e os rifles de assalto, avisando que quem não cumprisse estava sujeito a uma multa.
“No dia 15 de março, a nossa história mudou para sempre. Agora, as nossas leis também”, disse Ardern. “Estamos a anunciar ações hoje em nome de todos os neozelandeses para fortalecer as nossas leis sobre armas e tornar o nosso país um lugar mais seguro”.
Ardern liderou o país durante a pandemia global de Covid-19, tendo sido obrigada a tomar decisões difíceis, mas no meio de toda a complexidade da situação vivida, conseguiu manter um espírito calmo. Tomando uma atitude pouco usual em contexto político, dirigiu-se às crianças neozelandesas e explicou-lhes que a fada dos dentes e o coelho da Páscoa eram considerados “trabalhadores essenciais que desempenham serviços essenciais” e que, portanto, iram estar a trabalhar durante a pandemia.
“Como podem imaginar, neste momento ele vai estar muito ocupado em casa com os seus coelhinhos e, portanto, aviso todas as crianças neozelandesas: se o Coelhinho da Páscoa não conseguir ir às vossas casas, têm de compreender que neste momento é muito difícil para o Coelho estar em todo o lado”, afirmou a primeira-ministra durante um discurso.
Quando determinou o fim das restrições ligadas à Covid-19, Ardern recebeu rasgados elogios pela sua forte liderança.
Em maio de 2020, Jacinda conseguiu manter-se calma durante um sismo de magnitude 5,6 na escala de Richter, enquanto estava a dar uma entrevista a partir do Parlamento de Wellington.
Poucos meses antes do anúncio da saída do governo, teve de responder a muitas críticas, nomeadamente a comentários e questões sexistas, sendo a mais inusitada uma questão feita por um jornalista durante uma conferência de imprensa dada juntamente com a primeira-ministra da Finlândia, que perguntou se as líderes “estavam reunidas por serem ambas jovens e mulheres”, à qual respondeu com outra questão: “será que alguém alguma vez perguntou a Barack Obama e a John Key se se tinham reunido por terem quase a mesma idade?”.
Enfrentou diversos preconceitos, mas durante todo o seu mandato falou e apoiou os movimentos para a igualdade de géneros e direitos da mulher, afirmando que o “movimento #MeToo tem de ser tornar no #WeToo”.
Foi primeira-ministra durante dois mandatos e ontem decidiu anunciar a sua saída do cargo, justificando a decisão com a falta de energia e uma maior necessidade de estar mais presente na vida da sua filha e do seu companheiro.