Nada me move contra o atual líder do PSD e, por conseguinte, líder da oposição. Mas, convenhamos, o assunto é sério. Já se percebeu pelos últimos dias que a atuação deste Governo, desta ministra da Saúde e da atual liderança da Direção Geral de Saúde, a nível de capacidade de resposta do país ao surto mundial do Covid-19 deixa muito a desejar.

O que temos visto é responsáveis políticos e setoriais da área da saúde a desvalorizar os potenciais efeitos devastadores daquela que já foi declarada pandemia pela Organização Mundial de Saúde. Não havendo vacina e medicação com sucesso para combater os efeitos deste vírus, a resposta terá sempre de ser dada ao nível do Sistema Nacional de Saúde que, como se vê em Itália, poderá, ou não, evitar uma catástrofe.

Como António Costa e a sua desastrada ministra da Saúde não têm a coragem política e o sentido de Estado para decretar o shutdown dos principais serviços públicos, promovendo o fecho de todas as escolas públicas e vários outros serviços, esperar-se-ia – sinceramente – termos um verdadeiro líder na oposição. Rui Rio já deu, várias vezes, mostras de ser um político responsável e um líder partidário pouco dado a populismos.

Pois bem, Rio está aqui confrontado com uma das maiores decisões políticas da sua carreira. O objetivo não é beneficiar dos efeitos negativos que esta crise terá para o Governo português, mas tal não o impede de atuar, de propor medidas, de criticar a falta de resposta dos meios públicos e a ausência de tomadas de posição a favor da segurança nacional e do futuro dos portugueses.

Se António Costa não percebeu ainda o que se está a passar no mundo e os erros que responsáveis políticos cometeram em Itália, é um grande problema para todos nós. Mas, ao menos, que Rui Rio lhe diga que é preciso controlo nas nossas fronteiras, nos aviões que viajam ou fazem trânsito por Portugal, é preciso impor medidas de contenção sérias e eficazes com consequências gravosas para quem não as cumprir.

Os exemplos desta segunda semana de um março quente fazem temer o pior. Os estudantes universitários e de escolas secundárias de quarentena invadiram as praias e os espaços de diversão noturna e o que fez o Governo? Nada. O aeroporto de Lisboa, ao contrário dos aeroportos da maioria dos países da UE e de muitos outros países noutras geografias, não faz controlo sanitário à entrada (dados de quarta-feira, dia 11 de março) nem discrimina os passageiros pela origem dos seus voos.

Se Costa demonstrar, como em casos anteriores, um grande sentido de irresponsabilidade política, de Rui Rio esperávamos o contrário. E se não atuar rapidamente será corresponsabilizado pelos efeitos arrasadores para o país e demonstrará “à saciedade” que não está a altura do cargo que ocupa presentemente, e muito menos do cargo que ambiciona ocupar em breve, o de primeiro-ministro. Ou Rio combate o vírus da apatia que já se instalou na nossa classe política ou será ele próprio um propagador desse mesmo vírus.