Uma notícia boa e outra má – para não dizer mesmo péssima – devem ser destacadas nesta semana marcada também pela divulgação, por parte do Instituto Nacional de Estatística, das Contas Nacionais relativas ao segundo trimestre.

Pela positiva, a notícia avançada pelo jornal “Público” de que as poupanças aplicadas pelos Portugueses em depósitos, fundos e certificados duplicaram na pandemia e chegaram aos 22,736 mil milhões no passado mês de julho, valor esse acima do mesmo período em 2018/2019.

Mesmo devendo este resultado ser encarado como decorrente de circunstâncias negativas, como o encerramento de comércio e serviços durante os períodos de confinamento e o receio dos cidadãos perante a incerteza dos cenários económicos, sou da opinião de que devemos ver o lado bom desta circunstância que levou a taxa de poupança das famílias a atingir o valor mais elevado deste século.

Um estudo muito recente do Banco Central Europeu, intitulado “The implications of savings accumulated during the pandemic for the global economic outlook”  e que analisa os comportamentos verificados nas economias dos Estados Unidos, Reino Unido e Japão, as economistas Maria Grazia Attinasi, Alina Bobasu e Ana-Simona Manu apresentam vários cenários possíveis sobre o destino dessas poupanças provocadas pela pandemia.

Concluindo que o ritmo da retoma dependerá em grande parte de as famílias prolongarem, a partir de agora, esses hábitos de poupança nas suas aplicações ou, em sentido contrário, reorientarem parte das poupanças de novo para o consumo. No caso português o ideal será que as poupanças, mesmo que venham a diminuir graças ao fim das restrições e do regresso ao consumo, permaneçam em linha com a média europeia.

Quanto à notícia péssima, não posso deixar de expressar a minha tristeza com os resultados da sondagem da Intercampus publicada pelo “Correio da Manhã”, e que revela uma profunda desconfiança da maioria dos portugueses quanto à capacidade de transformação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com mais de 60% dos respondentes sendo da opinião que o dinheiro irá “beneficiar preferencialmente as ligações ao poder político” e não a economia real, com apenas uns insignificantes 3% a declarar que a designada bazuca europeia vai favorecer efetivamente os portugueses.

Este ceticismo, agravado pelas dúvidas quanto à capacidade de execução do PRR manifestadas por 46,7% dos inquiridos, evidencia que há uma desconfiança notória dos cidadãos face à eficácia na distribuição dos dinheiros públicos.

O que resulta desta sondagem é assim, e mais uma vez, a indispensabilidade de o PRR vir a ser adequada e continuamente escrutinado na sua aplicação ao longo dos próximos anos, não apenas por evidentes razões de transparência mas também porque é urgente travar a corrosão da confiança dos portugueses nos seus responsáveis eleitos e instituições, sob pena de continuarmos a fragilizar toda a nossa democracia.

 

Hannah Beier/Reuters

Como noticiou este jornal, ao fim de três fins de semana dedicados à vacinação dos jovens entre os 12 e os 17 anos, 75% desta faixa etária já tinha recebido pelo menos uma dose. Sendo que no passado fim de semana, entre 28 e 29 de agosto, foram vacinados 86 mil jovens. Esta é uma notícia com a qual devemos congratular-nos e que permite encarar com otimismo a reabertura da nossa atividade económica.

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