O lema da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia “Tempo de Agir” tem por objetivo que o Governo tome decisões rápidas para combater a maior crise que a União conheceu. “Tempo de Agir”, porque a cada hora, cada dia, cada semana morrem milhares de seres humanos e agiganta-se a crise social e económica.

Mas devemos acreditar nas palavras deste Governo?

O Presidente do Conselho em exercício, que diz que é “Tempo de Agir”, é o mesmo decisor político, primeiro-ministro de Portugal, que anunciou como prioridade o combate à pandemia, mas nem sequer soube preparar o próprio país para esta nova vaga.

Pior. Portugal é o número um do mundo em número de infetados e mortes por milhão de habitantes, já para não falar do plano de vacinação que decorre a passo de caracol e com desvios inexplicáveis.

Desde a apresentação do Plano de Recuperação e Resiliência que desconhecemos o que é feito deste, o mesmo se podendo dizer da transição climática e digital. Antes de mais, na defesa do Serviço Nacional de Saúde, onde não houve qualquer resposta do Governo, num exercício de total incapacidade de organização.

Toda a atividade não urgente está suspensa, o que quer dizer que há milhares de portugueses que, não morrendo de Covid-19, vão perecer por falta de cuidados médicos urgentes.

O Governo fala também em recuperação verde, em termos de prioridade da Presidência europeia, mas é um fracasso na ação climática e nas questões energéticas. Morre-se de frio em Portugal, o amianto está por remover das escolas, hospitais e repartições públicas.

Portugal importa lixo de toda a Europa. Em Valongo, na Azambuja, em Lisboa ou em Setúbal, chegam camiões ou atracam barcos com toneladas de lixo tóxico, altamente prejudicial às populações. Portugal será durante seis meses, e nas próximas décadas, o contentor de lixo da Europa.

Mas o ministro do Ambiente e da Ação Climática está também envolvido nos negócios ruinosos, financeira e ecologicamente duvidosos, como o lítio e o hidrogénio verde, que se estendem ao primeiro-ministro e a diversos membros do Governo, de quem aliás se esperam explicações.

A terceira prioridade da Presidência é a recuperação digital.

Recuperação irónica porque o Governo prometeu 300 mil, 400 mil, 1,2 milhões de computadores, mas poucos foram entregues e, para camuflar este logro, determinou a suspensão das aulas digitais no ensino privado.

José Sócrates trouxe-nos os Magalhães e António Costa oferece as migalhas prometidas… E não se fale de conspiração internacional contra Portugal.

Contra Portugal está quem mancha o nome do país, quem periga as instituições do Estado de direito, quem submete o país ao ridículo junto das instâncias europeias devido ao ProcuradoriaGate.

Em suma, uma Presidência Portuguesa fracassada na origem por um Governo que não faz o que lhe compete internamente e, logo, que não inspira confiança, nem pode, na União Europeia, para o que quer que seja, ter sucesso ou credibilidade.