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União Europeia confia na Agência Atómica para moderar conflito com o Irão

Teerão rejeita acusações israelitas sobre um pretenso programa nuclear secreto, enquanto a União Europeia quer que seja a Agência Atómica a dizer a última palavra. Guerra de nervos mantém-se em alta.
1 Maio 2018, 19h37

“Se algum país tiver informações sobre qualquer violação de qualquer tipo, pode e deve encaminhá-lo para os mecanismos apropriados, a Agência Internacional de Energia Atómica e a Comissão Conjunta para monitorizar o acordo nuclear“, declarou a alta representante europeia para a política externa, Federica Mogherini, que comentava assim mais um atrito criado pelo primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.

“O acordo não é baseado em suposições de boa-fé ou confiança, mas em compromissos específicos, mecanismos de verificação e um controlo muito rigoroso dos factos, realizados pela Agência”, enfatizou, citada por vários jornais, antes de recordar que a Agência publicou dez relatórios certificando que o Irã cumpriu integralmente os seus compromissos, o último em 5 de março.

Por seu turno, o Irão chamou “mentiroso inveterado” a Benjamin Netanyahu, em resposta às suas acusações de que a república islâmica está a esconder um programa para o fabrico de armas atómicas. A reação oficial, transmitida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, garante que essas alegações são “antigas, sem sentido e vergonhosas”.

“Os líderes sionistas não veem outros meios de garantir a sobrevivência do regime que ameaçar os outros com mentiras, disse o porta-voz do ministério, Bahram Qasemi, em comunicado. “Netanyahu e o regime assassino devem entender que a opinião pública mundial está suficientemente formada” para não acreditar na retórica israelita.

Benjamin Netanyahu disse que tem “provas conclusivas” sobre a existência de um plano secreto que o Irão pode ativar a qualquer momento para produzir uma bomba atómica. As suas suspeitas, que não são novas, assumem particular relevância na véspera da decisão do presidente Donald Trump, em 12 de maio, de retirar ou não seu país do acordo nuclear com o Irão.

No início deste ano, Trump deu ao Reino Unido, França e Alemanha, os três países europeus signatários do pacto nuclear com o Irão (juntamente com os Estados Unidos, Rússia e China), até 12 de maio para “alterar as falhas” do plano.

Trump critica que o pacto não inclua o programa iraniano de mísseis balísticos (possivelmente capazes de transportar ogivas nucleares), limita o acesso dos inspetores aos centros militares e permite o enriquecimento de urânio a partir de 2025. Teerão, por sua vez, considera intolerável que Washington queira rever unilateralmente um acordo multinacional.

De acordo com sua prática usual, a AIEA recusou-se a comentar as acusações de Netanyahu. No entanto, uma declaração refere-se ao relatório publicado em dezembro de 2015, apenas um mês antes do acordo entrar em vigor, segundo o qual o Irão havia investigado armas nucleares antes de 2003, mas não foi além da fase de estudo e viabilidade de um dispositivo explosivo. O mesmo texto observou que não havia indicação de que esse esforço tivesse sido prolongado para além de 2009.

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