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União Europeia não tem gigantes tecnológicos porque “falhou em ter um mercado único”, admite Vestager

Para a vice-presidente da Comissão Europeia, o mercado da União Europeia está fragmentado, o que configura uma desvantagem face a outros mercados. Essa fragmentação ocorre porque não existe “uma linguagem única” dentro da União Europeia. “É um contraste com o que acontece nos Estados Unidos e na China”.
4 Dezembro 2020, 15h38

A vice-presidente da Comissão Europeia, Margrethe Vestager, admitiu esta sexta-feira, quando participava num painel da Web Summit, que a União Europeia falhou na construção de um mercado único e, por isso, é que a maioria dos gigantes tecnológicos são de origem norte-americana ou chinesa.

“Falhámos em ter um mercado único”, afirmou Margrethe Vestager, quando questionada pelo porquê de não existirem gigantes tecnológicos de origem Europeia. Para a vice-presidente da Comissão Europeia, o mercado da União Europeia está fragmentado, o que configura uma desvantagem face a outros mercados.

Essa fragmentação ocorre porque não existe “uma linguagem única” dentro da União Europeia. “É um contraste com o que acontece nos Estados Unidos e na China”, disse Vestager.

Depois de ter participado numa conferência de imprensa esta manhã, Vestager conversou com Nicholas Thompson, da revista Wired, sobre a ação regulatória da UE face à atividade das gigantes tecnológicas no espaço comunitário.

Margrethe Vestager, que também é comissária europeia para a concorrência, falou ainda sobre a recente acusação contra a Amazon. No dia 10 de novembro, a Comissão Europeia anunciou ter acusado a Amazon de violar lei da concorrência na União Europeia. A Comissão Europeia considera que a Amazon tem recorrido sistematicamente a informação privada de comerciantes independentes na sua plataforma para impulsionar as vendas dos seus próprios produtos, em detrimento da concorrência. A acusação foi o culminar de uma investigação iniciada em 2018.

Ora, questionada pela morosidade da investigação, Vestager admitiu que “os reguladores não são suficientemente rápidos”, a detetar, sancionar e a atuar para corrigir os problemas. Uma crítica que resultou num mea culpa: “É uma crítica que teço ao meu próprio trabalho”.

Não obstante, no caso da Amazon, a vice-presidente da Comissão Europeia disse que houve “milhões e milhões e milhões” de informações que a Bruxelas teve de investigar.

Portugal terá “muito trabalho” no digital
Antes de intervir para falar sobre a ação da UE na atividade dos gigantes tecnológicos, Margrethe Vestager tinha participado, durante a manhã, numa videoconferência de imprensa, à margem da Web Summit. Aí, Vestager disse ter “expetativas muito altas” para o trabalho digital que a presidência portuguesa da UE vai ter, em 2021, salientando que haverá “muito trabalho”.

Conferência de impresa centrou-se no dossiê “A Europe Fit for the Digital Age”, pasta que é responsabilidade de Vestager.

“Portugal tem feito muito no que diz respeito ao digital e está muito focado no digital como parte disso” e também porque “20% do fundo de Recuperação e Resiliência se destina a investimento digital”, realçou Vestager.

A presidência portuguesa da UE, no primeiro semestre de 2021, tem como eixo de ação cinco grandes prioridades: a  Europa Resiliente, capaz de resistir a crises não apenas economicamente como ao nível dos valores europeus; a Europa Social, com o modelo social como fator de crescimento económico; a Europa Verde, líder mundial no combate às alterações climáticas; a Europa Digital, pronta para enfrentar a transição tecnológica a nível económico e de proteção dos direitos dos cidadãos; a Europa Global, assente na aposta no multilateralismo.

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