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Unicórnio encarcerado. Elizabeth Holmes começa a cumprir pena de onze anos

A controversa e mediática fundadora da Theranos, a startup que prometia revolucionar o sector da saúde mas que era uma fraude, começa a cumprir pena de prisão esta semana. Elizabeth Holmes foi condenada a onze anos.
28 Maio 2023, 14h59

Outrora considerada a iteração feminina de Steve Jobs e um Santo Graal de Silicon Valley, a fundadora e CEO da Theranos, Elizabeth Holmes, prepara-se para começar a cumprir uma pena de onze anos de prisão nos Estados Unidos, depois de ter sido condenada por fraude e conspiração num dos mais mediáticos casos criminosos a envolver uma startup.

A sentença de onze anos representa o fim de um caso que, de tão controverso, originou livros, podcasts e até uma série televisiva. Mas o início deu-se há precisamente 20 anos, em 2003, quando o iPod era uma novidade tecnológica e Silicon Valley tinha ainda poucos – ou mesmo nenhuns – exemplos do que pode causar a ambição desenfreada e irrealista de um empreendedor.

Elizabeth Holmes é o nome e rosto por detrás da Theranos, uma startup que prometia revolucionar o mundo das análises clínicas e que alegava conseguir detetar centenas de doenças em poucos minutos com apenas uma a duas gotas de sangue. A tecnologia, afinal, não funcionava como prometido e os resultados muitas vezes erróneos ou falsificados podem ter colocado em causa a segurança dos utilizadores e a saúde pública – uma agravante à sua condenação.

Os investidores perderam mais de 700 milhões de dólares confiados a Holmes e a Ramesh “Sunny” Balwani, que com ela vendeu a promessa revolucionária da Theranos. A startup chegou a estar avaliada em 9 mil milhões de dólares no seu auge, e teve investidores de grande renome: Larry Ellison e Rupert Murdoch, para dar uns exemplos.

Contudo, e anos depois das primeiras revelações do ‘The Wall Street Journal’ que vieram ditar a ruína do negócio, há ainda quem se questione sobre as verdadeiras intenções de Elizabeth Holmes, inclusive o juiz que lhe assinou a sentença. Quem era e o que queria realmente a jovem empreendedora que chegou a ter uma fortuna pessoal de 4,2 mil milhões, associada às suas ações da Theranos das quais nunca se desfez?

Hoje, Holmes pode ser descartada como um mero símbolo da hipérbole fantasiada que satura a cultura empreendedora, mas não foi assim há tanto tempo que era considerada por muitos como um caso de sucesso: boa aluna, aparentemente genial, que se atreveu a lançar uma empresa com a promessa de mudar o mundo, tudo porque tinha medo de agulhas. Aos 39 anos, e já condenada, é agora apelidada pelos pares como o ‘Ícaro de Silicon Valley’, que ao voar demasiado perto do Sol desvendou o segredo do negócio, que é não haver segredo nenhum.

A empresária norte-americana deverá apresentar-se numa prisão em Bryan, no estado norte-americano do Texas, no próximo dia 30 de maio e ficará efetivamente separada dos dois filhos: o primeiro nascido em julho de 2021 e uma segunda, de três meses, concebida já depois da sua condenação.

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