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Universidade de Aveiro desenvolve dispositivo para rastrear Covid-19 em transportes e escolas

Investigadores da Universidade de Aveiro estão a desenvolver, em parceria com empresas, sensor que pode ser instalado em locais de aglomeração de pessoas e permite identificar precocemente potenciais infetados. INFARMED deu parecer positivo e ANI vai financiar.
  • João Veloso
21 Setembro 2020, 14h13

A Universidade de Aveiro está a desenvolver um inovador dispositivo de rastreamento à Covid-19 que permite medir o nível de oxigénio e de temperatura. “Os dois parâmetros a serem medidos pelo novo dispositivo são o nível de saturação de oxigénio (SpO2) diminuído e a temperatura corporal elevada”, anuncia esta segunda-feira, 21 de setembro, a equipa de investigadores coordenada por João Veloso, professor do Departamento de Física e investigador do Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação (I3N) e diretor do Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica (na foto).

“Os pacientes infetados com o novo vírus registam níveis extraordinariamente baixos de oxigénio no sangue (SpO2), mesmo sem revelarem dificuldade respiratória, condição que tem vindo a ser chamada de “hipóxia silenciosa” ou “feliz”. De entre os muitos factos surpreendentes do novo coronavírus, este parece desafiar os princípios da biologia básica e da medicina. Na maioria das doenças pulmonares, como a pneumonia, a baixa SpO2 acompanha outras alterações estruturais dos pulmões, ou níveis crescentes de CO2 uma vez que os pulmões não conseguem expulsá-lo com eficiência. São esses fatores que originam a falta de ar no paciente. Em contrapartida, uma SpO2 considerada normal é de 95-100%”, explica o investigador.

O dispositivo da Universidade de Aveiro dá corpo ao projeto “TO2 – Postos de medição sem contacto de saturação de oxigénio e temperatura”, cujo objetivo é “desenvolver e integrar sensores em postos portáteis para medição sem contacto de dois parâmetros fisiológicos indicadores da Covid-19, em locais de acesso onde é maior a probabilidade de aglomeração de pessoas. Particularmente, locais onde é mais difícil assegurar o cumprimento rigoroso das recomendações sanitárias ou de distanciamento social, como transportes públicos, aeroportos, escolas, empresas, centros comerciais, conferências, eventos, espetáculos, e mesmo hospitais (triagens), entre outros”.

O uso do dispositivo permitirá “identificar precocemente potenciais infetados com Covid-19 e atuar mais cedo, diminuindo o risco de transmissão comunitária do novo coronavírus e melhorando a eficácia dos tratamentos. Além disso, a medição sem contacto, aliada ao cumprimento das normas sanitárias das entidades competentes, previne possíveis contágios indiretos através do próprio dispositivo”, explica a Universidade de Aveiro.

O projeto está a ser desenvolvido em parceria com as empresas RI-TE – Radiation Imaging Technologies e Exatronic, já mereceu parecer positivo do INFARMED e financiamento da Agência Nacional de Inovação (ANI) no montante de 476 mil euros. De acordo com o parecer do INFARMED, “TO2”, obteve uma pontuação de 5,00 valores, o máximo da escala.

Com a duração de 10 meses, o projeto tem ainda como parceiros o Centro Hospitalar do Baixo Vouga, E.P.E. (CHBV), o Instituto de Instrumentación para Imagen Molecular/Universitat Politècnica de València e a empresa Insulcloud, SI, empresa de base tecnológica pioneira do desenvolvimento de dispositivos de última geração para o controlo e monotorização de doenças crónicas.

A equipa coordenada por João Veloso agrega competências multidisciplinares, sendo constituída por investigadores dos departamentos de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) – Armando Pinho, Susana Brás, João Rodrigues – Comunicação e Arte (DeCA) – Ana Isabel Veloso -, além do Departamento de Física (DFis) – Ana Luísa Silva, Pedro Correia e o próprio coordenador.

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