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Universidades e politécnicos dão o exemplo no ambiente

O JE Universidades foi medir o pulso ao compromisso do ensino superior com o desenolvimento sustentável e encontrou dezenas de medidas que vão ser implementadas em 2022.
15 Janeiro 2022, 21h00

As instituições de ensino superior são um farol da sociedade. “Podem e devem liderar a luta pela construção de um novo modelo de sociedade, que não comprometa o futuro”, afirma Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra, ao JE Universidades. Essa liderança, explica, “não passa apenas pela produção de conhecimento de elevada qualidade e pela sua partilha com a sociedade, mas também pela aplicação de medidas exemplares”.

No início de 2022, um ano que se afigura tão decisivo como os próximos para a sobrevivência futura do Planeta e da Humanidade, o JE Universidades visitou três Universidades — Minho, Aveiro e Coimbra — e o Politécnico de Setúbal e mediu o pulso ao seu compromisso com o ambiente, um dos pilares do tripé da sustentabilidade.

“Temos fomentado uma política de I&D que investe na criação de produtos e processos mais eficientes e formas de organização mais eficazes que concorram para uma melhor utilização dos recursos”, afirma Alexandra Isabel Cardador de Queirós, vice-reitora para as Políticas para a Cultura e a Vida nos Campi da Universidade de Aveiro (UA), ao JE Universidades. Na área do ensino, adianta, “temos apostado em abordagens e metodologias pedagógicas inovadoras, orientadas para a transmissão do conhecimento e das valências necessárias à promoção do desenvolvimento sustentável”.

Paralelamente à investigação desenvolvida para responder aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, adianta Alexandra Queirós, a UA tem vindo a implementar um conjunto de ações de cidadania ambiental como forma de consciencializar a sua comunidade, sobretudo pelo exemplo. Nessa linha, 2022 conhecerá novos ações. Exemplos? A frota. Vai ser reforçada com a aquisição de dois veículos elétricos. Vários equipamentos antigos vão ser substituição por outros mais eficientes. Ficará concluída a implementação do sistema de gestão de resíduos com recolha porta-a-porta. Em 2022 vai, ainda, “aumentar o parque de fotovoltaicos nos campi da UA para consumo e produção de energia”, revela a vice-reitora.

No ranking GreenMetric World University de 2021 sobre práticas de sustentabilidade, a UA surge na 177.ª posição em 956 instituições, sendo a segunda universidade portuguesa melhor posicionada. A primeira é a Universidade do Minho, que ocupa o 88.º lugar no mundo. Sobressai nos indicadores de energia e alterações climáticas, resíduos, educação e investigação.

O tema tem lugar destacado no programa de ação de Rui Vieira de Castro, recentemente reeleito reitor para 2021-2025. “Pretendemos melhorar a qualidade de vida das pessoas nos campi, criando ambientes de trabalho adequados, incrementando a qualidade da infraestrutura física e dos espaços exteriores, diversificando a oferta cultural e desportiva, promovendo práticas inclusivas e de sustentabilidade ambiental”. A vasta lista de exemplos inclui: finalizar e concretizar os planos de desenvolvimento integrado dos campi; qualificar o património edificado e natural; promover hábitos saudáveis entre a comunidade; realizar ações de sensibilização para combater o desperdício de recursos e utilizar tecnologias para tornar os espaços mais eficientes e sustentáveis para ensinar, investigar e estudar.

O Politécnico de Setúbal chama a si a responsabilidade de ser “um parceiro relevante na região de Setúbal” na formação de “cidadãos socialmente responsáveis, dotados de competências técnicas e transversais adequadas”. Carlos Mata, vice-presidente do IPS para a Sustentabilidade e Responsabilidade Social, diz ao JE Universidades que a adoção de práticas adequadas de sustentabilidade “continuará a não se confinar aos campi”, dado que se trata de “um processo coletivo de construção, à escala regional”. São várias as iniciativas previstas para 2022 nesse sentido. Destaque para o aumento dos espaços verdes, com a plantação de espécies autóctones da Serra da Arrábida, o desenvolvimento de eco-trilhos nos campi e a criação de hortas comunitárias que contribuam para a produção sustentável de alimentos. Estas ações serão levadas a cabo em colaboração com as escolas secundárias e profissionais do distrito. O Politécnico de Setúbal vai igualmente manter a tónica no desenvolvimento da biodiversidade, através da Estação da Biodiversidade do campus de Setúbal e dos “bioshots” no campus do Barreiro.

Na investigação, a dinâmica é idêntica. Carlos Mata revela que no âmbito da Universidade Europeia E³UDRES², que o IPS integra, “está previsto o desenvolvimento de trabalhos em áreas ambientais, como o Estuário do Sado, explorando sinergias com parceiros institucionais”.

A Universidade de Coimbra tem há anos um compromisso muito sólido com o ambiente, não sendo por acaso que em 2021 foi distinguida pelo Times Higher Education Impact Ranking como a instituição de ensino superior mais sustentável de Portugal e a 21.ª a nível mundial.

O reitor da UC, Amílcar Falcão, diz ao JE Universidades que em 2022 terão continuidade as ações mais significativas dos últimos anos com várias metas à vista. Destacamos a eliminação do uso de plástico, a diminuição drástica do uso de papel, a promoção da gestão de resíduos e da eficiência energética e a aplicação de programas contra o desperdício alimentar. A Universidade também almeja expandir a produção de energia solar fotovoltaica pelos diversos polos universitários.

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