[weglot_switcher]

“Vamos ao trabalho”. Theresa May vai formar governo com apoio do DUP

Sem maioria absoluta, May terá a ajuda do partido da Irlanda da Norte para formar governo. A primeira-ministra continuará a liderar as negociações do Brexit.
  • Stefan Wermuth/REUTERS
9 Junho 2017, 13h10

Theresa May vai continuar no cargo de primeira-ministra, a liderar um governo com o apoio do DUP – Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte. A Conservadora esteve esta sexta-feira no Palácio de Buckingham para pedir o aval da Rainha Isabel II para governar, depois de ter perdido ontem a maioria no Parlamento.

“Vou formar governo”, anunciou Theresa May, depois da reunião de apenas 15 minutos com a monarca, segundo o jornal The Guardian. “O que o nosso país precisa mais do que nunca é de certeza. Ao garantirmos o maior número de votos e de assentos parlamentares, os conservadores e unionistas têm a legitimidade para garantir essa certeza”. “Agora vamos ao trabalho”, acrescentou.

Não se sabe ainda qual será a configuração do governo, mas May deverá anunciar ainda hoje os ministros. Os Conservadores conseguiram 318 lugares (48,9%) dos 650 disponíveis no Parlamento, segundo os dados oficiais da comissão eleitoral britânica.

O Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn ficou com 261 (ou 40,2%), os o SNP de Nicola Sturgeon ficou com 35 lugares (5,4%), os Lib-Dem liderados por Tim Farron conquistaram 12 assentos (1,8%) e o DUP de Arlene Foster, 10 (1,5%). A nova configuração do Parlamento britânico criou uma situação de hung parliament, ou Parlamento suspenso, em que nenhum partido tem os 326 lugares necessários para conseguir a maioria absoluta.

“Este é um resultado desastroso para o partido Conservador, que levanta questões sobre o futuro de Theresa May como primeira-ministra”, disse o economista sénior para assuntos europeus da Schroders, Azad Zangana, numa conferência sobre as eleições esta manhã.

A hipótese de um governo Conservador minoritário é vista por Zangana como uma solução “menos estável que terá de fazer cedências e procurar consenso até mesmo para introduzir alterações legislativas”. O economista acrescenta quanto ao Brexit que foram causados “danos sérios à posição de negociação do Reino Unido”.

Sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, Theresa May afirmou: “Vamos cumprir a promessa do Brexit juntos”, assegurando que as negociações vão continuar no prazo previsto.

“As implicações exatas [das eleições] para o Brexit não são imediatamente claras, embora o resultado possa augurar uma abordagem mais realista e pragmática”, explicou a equipa de research da Allianz Global Investors num comentário. “Qualquer acordo agora terá que ser ratificado pelo parlamento, em vez de simplesmente renunciar a uma maioria conservadora. O processo será ainda mais complexo”.

Apesar disso, a Allianz GI ressalva que as negociações poderão beneficiar desta questão. “As hipóteses de um Brexit mais soft podem ter aumentado, o que deve ser visto como positivo. Os perigos de um hard Brexit, com o Reino Unido a não conseguir um acordo comercial – e ter que confiar nas regras da Organização Mundial de Comércio – diminuíram”.

A moeda britânica está a ser penalizada pelos resultados das eleições, a depreciar-se face à norte-americana. A libra desvaloriza nesta altura 1,57% para 1,27 dólares, depois de ter desvalorizado 2% depois das primeiras projeções.

“A libra deverá continuar a ser um bom barómetro dos riscos do Brexit”, refere a BlackRock. “Um ponto positivo para o mercado que sai das eleições é a redução do risco sobre outro referendo de independência da Escócia. Vemos o resultado das eleições no Reino Unido como um assunto doméstico e não esperamos que tenha consequência ao nível dos mercados globais”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.