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“Vamos olhar para o Reino Unido como um país terceiro”. Os desafios pré e pós Brexit das empresas de transporte

“O Brexit significa duas coisas: mais custos e mais burocracia, neste caso significa mais tempo, as viagens vão ser maiores e vamos ter cargas paradas por variadíssimas razões”, explicou o representante Associação dos Transitários de Portugal ao Jornal Económico.
8 Janeiro 2021, 18h15

As empresas de transporte de carga têm lidado com diferentes desafios nos últimos meses. Enquanto o transporte rodoviário tem sido impulsionado, o transporte marítimo tem se debatido com aumento de preços. Com o Brexit, as alterações vão continuar e o presidente executivo da Apat (Associação dos Transitários de Portugal), António Nabo Martins revelou ao Jornal Económico (JE) que as transportadoras vão olhar para o Reino Unido como um país terceiro.

“Vamos olhar para o Reino Unido como um país terceiro”, apontou António Martins ao JE. “O Brexit significa duas coisas: mais custos e mais burocracia, neste caso significa mais tempo, as viagens vão ser maiores e vamos ter cargas paradas por variadíssimas razões”, explicou.

O Brexit poderá fazer com que “as empresas escolham outros mercados”, mas também há a possibilidade de as empresas de transporte aumentarem “os preços ou recusar a viajar para lá porque sabem que vão ter muitos mais custos do que têm tido até hoje”, segundo o representante da Apat.

Apesar da perspetiva, António Nabo Martins acredita que “no primeiro trimestre tudo tenderá a estabilizar”. A esperança é de estabilidade para o setor, mas o Ano Chinês poderá ter influência no setor. “O ano novo chinês em fevereiro que vai outra vez retirar aqui alguma oferta ao setor marítimo, mas poderá servir para reequilibrar estes fluxos”, sublinha o presidente executivo da Apat.

E antes do Brexit? Como estava o setor do transporte de carga?  

Os meses de pandemia foram diferentes para o transporte rodoviário, marítimo, aéreo e ferroviário. “Os navios baixaram a oferta porque com a questão da pandemia desde março, abril os armadores cortaram muito e em alguns casos quase em 50% nalgumas rotas da sua oferta instalada”, refere António Nabo Martins.

“O trafego aéreo para além de ser caro também não tem tanta capacidade de carga e o transporte ferroviário ainda não é aquilo que se pretendia , só pode ser complementar”, assegura António Nabo Martins.

Quanto ao transporte rodoviário, o presidente executivo da Apat destaca que “continua a ser o mais competitivo, no preço, no prazo, no tempo, na disponibilidade, na flexibilidade”. “O transporte rodoviário não precisaria do incentivo do e-commerce, ou seja o transporte rodoviário devido à sua flexibilidade tem sido sempre, eu diria que talvez o modo de transporte de eleição da maior parte dos exportadores e importadores nomeadamente entre Portugal e a Europa”.

Apesar de não precisar do incentivo do comércio eletrónico, o e-commerce fez com que o sector tivesse de adotar novas estratégias. “Antes as cargas eram completas, começamos a fazer cargas fracionadas”, enalteceu António Nabo Martins.

 

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