As vendas a retalho caíram inesperadamente em dezembro no Reino Unido, dando mais um sinal das dificuldades que enfrenta a economia britânica com a subida do custo de vida e contrariando a expectativa de investidores e mercados numa altura em que a época festiva costuma dar um impulso ao comércio.
As perspetivas económicas no Reino Unido não têm sido animadoras, mas os analistas antecipavam um crescimento em cadeia de 0,5% nas vendas a retalho, mas a leitura divulgada esta sexta-feira revelou uma queda de 1%. Em termos homólogos, o cenário foi ainda pior: a esperada queda de 4,1% foi largamente superada, registando-se um decréscimo de 5,8%.
Este recuo sublinha o impacto da subida do custo de vida no país, isto apesar dos apoios desenhados pelo Governo britânico a meio de novembro e que deveriam ter dado um empurrão aos gastos festivos.
Já em novembro, e mesmo com os dias promocionais da Black Friday e Cyber Monday, o indicador tinha recuado em cadeia, perdendo 0,5%.
As quedas atingiram a categoria dos bens alimentares, depois do disparo no consumo na sequência das medidas anunciadas em novembro, e as vendas online sofreram ainda mais, caindo 25,4%. Em sentido inverso, as compras de vestuário avançaram 1% e de mobília cresceram 1,5%.
A pressão nos preços no Reino Unido até abrandou em dezembro, registando o segundo mês seguido de recuos depois dos máximos de 41 anos em outubro, com 11,1%. Em dezembro, o indicador ficou nos 10,5%.
Ainda assim, o pessimismo continua a reinar, com o indicador de confiança da GfK a manter-se em terreno profundamente negativo pelo nono mês consecutivo. O crescimento até surpreendeu pela positiva em novembro, com o PIB a avançar contra todas as expectativas, mas o cenário base para 2023 continua a ser uma recessão, com alguns analistas a temerem mesmo um dos piores períodos económicos do último século.
Recorde-se que a economia britânica cresceu 0,1% em novembro, contrariando a noção do mercado de que a recessão estava já instalada, depois do recuo de 0,3% no terceiro trimestre.