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Venezuela: Famílias obrigadas a procurar comida no lixo por já não terem nada que comer

Governo de Nicólas Maduro acusado de “administrar mal os recursos” do país e cruzar os braços face às condições precárias de sobrevivência.
  • Carlos Garcia Rawlins/REUTERS
10 Março 2017, 14h47

A fundação católica Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alertou esta sexta-feira para uma situação cada vez mais difícil na Venezuela, onde mais de dois terços da população vive na “mais absoluta pobreza” e tem de procurar comida entre o lixo, que se acumula pelas ruas. A organização acusa o Governo de Nicólas Maduro de “administrar mal os recursos” do país e cruzar os braços face às condições precárias de sobrevivência.

“É cada vez mais difícil a situação que se vive na Venezuela, com a economia em acelerado colapso e um número cada vez maior de pessoas mergulhadas na mais absoluta pobreza”, escreve a Fundação AIS, em comunicado.

A fundação de cunho pastoral que apoia projetos em países onde a Igreja Católica está em dificuldades estima de 82% da população viva hoje abaixo do limiar da pobreza, “sem recursos económicos suficientes para a própria sobrevivência”. Dada a falta de alternativas, são cada vez mais as pessoas que recorrem à Igreja, procurando comida e medicamentos, que escasseiam na Venezuela. Em algumas paróquias são distribuídas até 600 refeições por dia.

Para dar resposta à forte procura, a Igreja venezuelana colocou em marcha uma campanha, em que pede aos fiéis para compartilharem os seus bens com os mais necessitados.

O arcebispo da cidade de Bolivar, Ulises Antonio Gutiérrez Reyes, deixa ainda fortes críticas ao presidente venezuelano, Nicólas Maduro, considerando que o país possui vários recursos — sobretudo provenientes da prospeção de petróleo. “Creio que este governo está a administrar muito mal os recursos e as riquezas do país”, afirma.

À escassez de alimentos e medicamentos vem somar-se a taxa de hiperinflação que avança no país a um ritmo galopante. Segundo o relatório anual de 2016 da OVV, nos últimos meses, tem havido uma proliferação dos chamados “crimes por fome”. Os grupos de crime organizados têm também vindo a crescer em número e em sofisticação. O narcotráfico e violações de direitos humanos têm aumentado e, dada a falta de autoridade da polícia, nas ruas respira-se o sentimento de insegurança.

A Venezuela é o segundo país mais violento do mundo, apenas ultrapassado por El Salvador.

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