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Venezuela inicia hoje processo para deixar Organização de Estados Americanos

A chefe da diplomacia venezuelana destacou que a Venezuela não participará em “nenhuma atividade” e “nenhum evento onde se pretenda posicionar o intervencionismo e a ingerência deste grupo de países que só procuram perturbar a estabilidade e a paz” no seu país.
27 Abril 2017, 08h07

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou ontem (26) que o país iniciará esta quinta-feira (27) um procedimento para deixar a Organização de Estados Americanos (OEA), depois de a entidade convocar uma reunião de chanceleres sem o aval venezuelano, de acordo com as informações da agência espanhola EFE. “Amanhã, tal como indicou o presidente, Nicolás Maduro, apresentaremos a carta de denúncia à Organização de Estados Americanos e iniciaremos um procedimento que demora 24 meses”, disse Rodríguez no palácio presidencial de Miraflores, em mensagem transmitida pela rede estatal VTV.

A OEA aprovou a convocação de uma reunião de chanceleres para abordar a crise política da Venezuela com 19 votos a favor, 10 contra, quatro abstenções e uma ausência. A Venezuela havia advertido na terça-feira que deixaria a OEA se essa reunião de chanceleres fosse convocada, um processo para o qual necessitaria de esperar dois anos e pagar a dívida ao órgão, de cerca de 8,7 milhões de dólares, segundo o artigo 143 da Carta da OEA, o documento fundacional de 1948.

Delcy destacou que a Venezuela não participará em “nenhuma atividade” e “nenhum evento onde se pretenda posicionar o intervencionismo e a ingerência deste grupo de países que só procuram perturbar a estabilidade e a paz” no seu país. A chanceler venezuelana criticou a iniciativa de convocar a reunião, que foi promovida pelas missões permanentes na OEA de 16 países-membros: Brasil, Argentina, Barbados, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Honduras, Jamaica, Guatemala, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

“São ações dirigidas por um grupo de países mercenários da política para limitar o direito ao futuro do povo de Venezuela, para limitar e afetar o direito à pátria, o direito a viver tranquilamente”, acrescentou. Delcy disse também que a retirada do seu país desta organização “não é conjuntural” e, pelo contrário, “tem a ver com a dignidade de nosso povo, com a doutrina bolivariana que promove o não intervencionismo, que defende a igualdade soberana dos Estados, o multilateralismo em igualdade jurídica”.

A chefe da diplomacia venezuelana disse ainda que está em execução um “roteiro pré-estabelecido” como aconteceu com Cuba em 1962 e que acabou com a suspensão desta nação do organismo continental. Além disso, acusou este “conclave de governos mercenários” de ter estimulado a onda de violência que a Venezuela vivenciou no último mês, período no qual ocorreram dezenas de protestos, que se saldaram com pelo menos 29 mortos, cerca de 500 feridos e mais de mil detidos.

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