Todos os empresários na Madeira – e arrisco-me a dizer que no país inteiro – conhecem o problema da falta de pessoal: particularmente nos sectores de construção, turismo, agricultura e restauração. Segmentos robustos do nosso PIB.

Todos os economistas e legisladores de Portugal – e arrisco-me a dizer no continente inteiro – conhecem o problema da “pirâmide demográfica invertida”. Quer dizer que, na Europa, temos cada vez mais um maior segmento da população envelhecida, e cada vez menos pessoas jovens. E com um sistema baseado num estado de ajuda social forte, com benefícios atrativos de reformas e saúde – é necessário que os que trabalham (que cada vez são proporcionalmente menos!) continuem a fazê-lo.

Enfim, o problema pode ser resolvido com a imigração. Mas não só qualquer tipo de imigração – senão aquela imigração acompanhada de um bom processo de integração.

Além de empresário – nos sectores imobiliário e de turismo – sou também diretor de uma ONG baseada nos Estados Unidos com o objetivo de facilitar a integração formal da diáspora venezuelana no mundo. Plan País foi criada em 2010 por venezuelanos estudantes na East Coast do país – nomeadamente Yale, George Washington, e Georgetown (a minha alma mater).

Eu nasci e cresci em Caracas dentro de uma família madeirense, e vivi na primeira fila como o país que deu tanto a tantos, passou dos primeiros lugares nos rankings até os últimos em questão de três gerações.

Porém, a voltar ao assunto da imigração e integração, a Venezuela e os venezuelanos – particularmente aqueles com ligação à nossa terra (sejam descendentes, casados, ou até amigos de portugueses) representam uma atrativa solução ao nosso país.

A maioria dos venezuelanos foge da Venezuela à procura de melhores oportunidades (mais de seis milhões – o maior êxodo na história da região). Portugal precisa de pessoas profissionais, com uma forte vontade de trabalhar e se superarem, e já com algum conhecimento e compreensão da nossa cultura – ou seja, uma “trifecta” ideal.

Embora a Plan País tenha naturalmente focado os esforços na América Latina, não é coincidência começarmos a nossa nova aventura europeia, nos próximos dias 2 e 3 de junho, com a ilha da Madeira.

Queremos facilitar a integração formal dos venezuelanos na economia e sociedade portuguesa, para eles também poderem assim “devolver” o investimento feito pelo Estado português em apoiar a sua chegada.

A história carece de moralidade objetiva, mas sim é bastante cíclica. O que foi um dos grandes países acolhedores de portugueses no mundo está agora a representar uma das maiores fontes de imigração ao nosso país. Basta ver além de sentimentos reacionários para compreender a oportunidade única “win-win” que representa esta imigração inversa à nossa economia.