Mas de 19 milhões de venezuelanos estarão hoje a votar para eleger os presidentes de 335 câmaras municipais, eleições em que o regime espera reafirmar o seu poder e pintar de cor única o panorama político venezuelano.
As eleições decorrem pouco depois de nas regionais de 15 de outubro, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) ter obtido 18 dos 23 governos regionais do país, resultados que a oposição insiste que não correspondem à realidade para além de denunciar manipulação de atas eleitorais, nomeadamente no Estado de Bolívar.
A televisão estatal cobriu amplamente a campanha dos candidatos do PSUV, enquanto a oposição insistia em denunciar o uso dos recursos públicos com fins políticos, acusava o Conselho Nacional Eleitoral de parcialidade e dividia-se entre a defesa de participação nas urnas e a abstenção eleitoral.
Essa dualidade de apelos ao eleitorado levou a uma reduzida participação de membros da oposição como candidatos. Muitos candidatos foram acusados por alguns partidos de estarem a “legitimar” o regime e, até, de “traição”, como é o caso do ex-governador de Zúlia, Manuel Rosales, que regressou ao país depois de se ter refugiado no estrangeiro, esteve preso por suspeita de corrupção e foi ilibado por um tribunal venezuelano.
Com uma campanha centrada nas redes sociais, a oposição foi acusada de estar a efetuar negociações às escondidas com o regime e de não ter sabido impor-se perante as irregularidades das regionais, quando mais de sete milhões de venezuelanos participaram no plebiscito de julho último, contra a convocatória a uma Assembleia Constituinte e para exigir a realização de eleições presidenciais antecipadas no país, que deveriam ocorrer em 2018.
As tensões políticas e a crise económica transformaram aquilo que seriam umas simples eleições municipais num ingrediente chave para demonstrar que o regime conta com um importante apoio popular. Não obstante as críticas da população que diariamente se debate com a escassez de alguns alimentos e medicamentos, a alta insegurança, com a subida diária dos preços, num país em que a inflação, segundo o Parlamento (onde a oposição detém a maioria), deverá rondar os 2000% até final do ano.
Nas eleições de domingo, segundo o Conselho Nacional Eleitoral, podem participar mais de 19,7 milhões de eleitores venezuelanos e 226 estrangeiros radicados no país.
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