A materialização da mobilidade sustentável exige uma visão integrada e integradora, que tenha as pessoas como primeira prioridade e cuja visão do futuro envolva produtos e serviços inovadores e competitivos, onde se reúnam as mais diversas indústrias e agentes públicos, para assegurar a realização do bem comum, numa lógica colaborativa.
As pressões no sentido de uma maior eficiência económica e financeira e os desafios ambientais e sociais são novos determinantes para uma agenda, insuspeitável ainda há alguns anos, na qual figuram critérios e conceitos associados às grandes tendências da inovação em domínios como a indústria automóvel, a informação, a segurança, a conectividade e os meios de pagamento vão também atuar como catalisadores da mudança. Este clima contribui para a afirmação de uma agenda focada na eficiência e no melhor uso dos recursos existentes, sejam naturais ou patrimoniais.
Um fator que acresce a estes vetores de mudança é a revolução de mentalidades que podemos observar na forma como as pessoas consideram o tema que ainda muitos chamamos dos “transportes”. Hoje é natural querermos, como consumidores ou clientes de serviços de transportes, aliar os modos e as respostas tradicionais à capacidade quase ilimitada que nos proporcionam as tecnologias de informação e de comunicação. É a perceção de que existe o mundo da mobilidade, no qual as soluções são dedicadas, com maior variedade de veículos, com maior integração e melhor valorização dos diversos modos, e baseado em sistemas de transporte combinados com sistemas de informação.
Não há soluções únicas e não há soluções exclusivas. O mundo vai depender de uma cooperação entre potenciais concorrentes para conseguir garantir que um novo modelo de mobilidade seja livre de emissões, acessível aos mais pobres, seguro, confortável e contribua para o crescimento económico. Todos os modos de transporte fazem parte da solução; o que tem de mudar é o sistema que os organiza e liga entre si para servir melhor as comunidades e as pessoas.
O senso comum diz-nos, há pelo menos 20 anos, que temos um modelo de crescimento e de desenvolvimento com grandes ineficiências e grandes impactos da mais variada ordem. E sabemos que um dos temas em que temos de intervir é o da mobilidade nas cidades e nas áreas metropolitanas. O modelo de mobilidade que marcou o séc. XX nas economias desenvolvidas não tem futuro. Os custos são demasiado elevados.
As tendências que podemos observar falam por si. Se nada for feito, a mobilidade urbana e metropolitana será insustentável. A resposta a estes desafios, que estão associados ao modo como todos nós organizamos as nossas deslocações – com maior foco nas de todos os dias –, depende das mudanças que formos capazes de implementar ou de influenciar. E há motivos para haver confiança no futuro.
Franco Caruso
Diretor de comunicação e sustentabilidade na Brisa – Auto-estradas de Portugal