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Vitória de Centeno no Eurogrupo dá início à corrida dos “países de sul” a altos cargos da UE

A escolha do ministro das Finanças português, Mário Centeno, para presidir o Eurogrupo, foi vista como uma vitória dos chamados “países do sul” sob os “países do norte”, mais desenvolvidos e endinheirados. Contudo, este foi apenas o primeiro round e outras eleições estão por vir.
10 Dezembro 2017, 09h00

A corrida aos mais altos cargos de chefia da Zona Euro está só a começar. Depois da escolha do ministro das Finanças português, Mário Centeno, para presidir o Eurogrupo, foi aberto o precedente para uma série de novas eleições que se aproximam e que podem marcar o tão desejado ponto de viragem, numa União Europeia (UE) ainda a curar as feridas provocadas pela crise económica de 2011.

A vitória de Mário Centeno na corrida à liderança do Eurogrupo veio acompanhada de uma forte possibilidade de inversão das políticas de austeridade que marcaram os últimos anos na UE. Os analistas políticos acreditam que o facto de ter sido eleito um ministro de um dos países onde as medidas de contensão se fizeram sentir mais violentamente será um sinal positivo de que em breve teremos “uma maior integração da união monetária”.

Essa foi, aliás, uma das promessas – explícitas na carta que endereçou a Bruxelas – com as quais Mário Centeno se comprometeu: “A Zona Euro tem de estar preparada para enfrentar os desafios vindouros. A sua estrutura institucional tem de tornar-se mais resiliente, promover a convergência económica e ir ao encontro das expectativas dos nossos cidadãos”. “É preciso incentivar um crescimento económico inclusivo e sustentado e criar emprego”, salientou.

Vista em perspetiva, a vitória de Mário Centeno representa uma vitória dos chamados “países do sul” (Portugal, Espanha, Grécia e Itália), conhecidos por serem economicamente mais vulneráveis e terem uma maior tendência ao endividamento. Contudo, este foi apenas o primeiro round. Outras eleições para altos cargos de chefia na Zona Euro se seguirão e, segundo a tradição europeia, os “países do norte”, mais desenvolvidos e com maior capacidade financeira, têm agora o ‘instrumento negocial’ necessário para levarem a melhor.

E a lista de eleições está a aproximar-se a passos largos. No início do próximo ano, a União Europeia vai a votos para eleger quem vai substituir o também português Vítor Constâncio na vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE). Neste sentido, o Governo de Espanha já se chegou à frente, ao indicar o atual ministro da Economia de Espanha, Luis Guindos, como o próximo número dois do BCE. Até agora ainda não são conhecido outros candidatos.

Ainda no banco central, haverá eleições também para eleger o sucessor de Mario Draghi, que ocupa o cargo de presidente do BCE e que deve cessar funções em outubro de 2019. No entanto, a liderança do regulador da Zona Euro só irá a votos dentro de dois anos. Ainda assim, a Alemanha já anunciou a intenção de colocar o atual presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, à frente do supervisor. Pelo meio haverão ainda eleições para o Parlamento Europeu e para a Comissão Europeia, igualmente decisivas.

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