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Vladimir Putim: “Foi declarada uma nova guerra contra a Rússia”

O presidente russo regressa ao cenário do Ocidente contra a Rússia, que estará por trás da guerra na Ucrânia. Prova disso? No mesmo dia, a presidente da Comissão Europeia foi à capital da Ucrânia comemorar o Dia da Europa.
9 Maio 2023, 10h03

O presidente russo, Vladimir Putin, voltou a insistir, no seu discurso no desfile do Dia da Vitória (a 9 de maio) em Moscovo, de que o país está perante uma agressão estrangeira ao seu território e cercado de inimigos e de que se defenderá até ao fim. “Uma verdadeira guerra foi novamente desencadeada contra a Rússia e vamos ter de nos proteger e de proteger o Dombass”, disse.

Não é a primeira vez que Putin tenta ‘colar’ a invasão da Ucrânia a uma espécie de messianismo a que é chamado por via dos ataques do resto do mundo contra o império russo, benzido pela Igreja Ortodoxa – mas, a acreditar nos analistas que conhecem a Rússia – este é um tipo de discurso que ainda cai fundo no coração dos russos e é necessário e suficiente para manter a chama da defesa da mãe-pátria russa.

O desfile comemorativo da vitória da Rússia contra os nazis em 1945 – os nazis que, segundo a retórica russa, são os antecessores do governo ucraniano – ocorre no momento em que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está em Kiev, onde também quis marcar o Dia da Europa ao lado de Volodymyr Zelensky.

De uma forma subtil, os dois momentos concorrem para o mesmo cenário: a Rússia queixa-se de um conluio internacional contra o país, e a Europa junta-se na Ucrânia para dizer que e3stá presente. A presença de von der Leyen na Ucrânia tem a ver com a agenda da entrada do país na União Europeia, mas a Rússia não se esqueceu de anteceder a chegada da presidente da Comissão Europeia com um novo ataque com mísseis à capital ucraniana. Uma espécie de salva de honra a que outros estadistas, entre eles o secretário-geral António Guterres, já tiveram direito.

Putin voltou a insistir na ideia de que a Rússia está a travar uma guerra contra o Ocidente – o que objetivamente é cada vez mais verdadeiro – ocidente esse que “está a semear o ódio e a russofobia” e que tornou a Ucrânia “refém das suas ambições”. “Qualquer ideologia supremacista é criminosa”, acrescentou, citado pelas agências internacionais.

Putin testemunhou de seguida o desfile do Dia da Vitória acompanhado de vários veteranos da II Guerra Mundial, mas também de vários líderes dos países membros da Comunidade de Estados Independentes – tentando assim dar uma nota de ‘internacionalismo’ e de apoio externo à invasão.

Na lapela do casaco, notava alguém, Putin exibe uma fita de São Jorge, distintivo militar do Império do Czares recuperado pela União Soviética na II Guerra como pelo Kremlin em meados dos anos 2000 quando teve problemas de divisionismo interno.

Segundo os analistas ocidentais, as manifestações do Dia da Vitória estão este ano a ser menos acompanhadas pela população, ficando isso a dever-se, dizem, à tensão provocada pelas recentes sabotagens em território russo e pelo ainda vivo ataque com drones ao Kremlin.

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