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“Vou estar sempre à disposição do país”. Sérgio Moro demite-se, critica Bolsonaro e deixa futuro em aberto

O ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil deixa o cargo que tinha assumido em 2018 depois de várias divergências com o presidente Jair Bolsonaro, mas assume que “sempre estará à disposição do país”.
  • Cristina Bernardo
24 Abril 2020, 16h23

Sérgio Moro apresentou a sua demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil devido à “insistência” do Presidente Jair Bolsonaro em mexer nas chefias da polícia federal, de acordo com a “Folha de São Paulo”.

“Não tenho condições de persistir aqui, sem condições de trabalho, mas vou estar sempre à disposição do país. Não são aceitáveis indicações políticas”, afirmou em conferência de imprensa realizada esta sexta-feira, 24 de abril.

Sérgio Moro afirmou que existiu uma “violação de uma promessa que me foi feita inicialmente de que eu teria uma carta branca.Haveria abalo na credibilidade do governo com a lei”, lamentando sair a meio da pandemia do coronavírus, com centenas de mortes no país.

O ex-juiz do processo Lava Jato assumiu que nunca teve condições para ser ministro em troca de uma indicação para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, tendo colocado uma condição a Jair Bolsonaro para que pudesse assumir esse cargo. “Se algo me acontecesse, uma pensão para a família”.

Bolsonaro resistiu a demitir o seu ministro da Justiça, como pedia a oposição, mas Sérgio Moro passou a ser uma personagem apagada – pelo menos em comparação com o destaque que tinha assumido anteriormente – e quase desapareceu a primeira linha da comunicação do governo (quase totalmente preenchida por Bolsonaro).

Há poucos dias atrás, Moro reapareceu junto do presidente numa das suas inúmeras aparições públicas – contrariando os conselhos do próprio Ministério da Saúde brasileiro – parecendo querer dizer que continuava a apoiá-lo, apesar da pandemia.

Há precisamente uma semana atrás, Bolsonaro ‘despediu’ precisamente o seu ministro da Saúde, depois de ter divergido em relação à forma como o Brasil está a responder à pandemia. Segundo os jornais brasileiros, as alterações que Bolsonaro quer introduzir na chefia da polícia federal pode ter também a ver com a pandemia – ou seja, com a forma como a polícia está a encarar os conselhos do Ministério da Saúde como uma ordem.

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