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Web Summit. Potencial português para economia azul exige ecossistema de investimento favorável

O potencial nacional em todas as áreas relacionadas com o mar é enorme, pela sua situação geográfica, e várias instituições e correntes económicas apontam para a necessidade de um maior foco no mar em diversas áreas. No entanto, para aproveitar estas capacidades, Portugal deve criar um ecossistema favorável ao investimento e à inovação tecnológica.
  • José Coelho/Lusa
4 Dezembro 2020, 16h39

Portugal tem todas as condições para se afirmar como um polo de desenvolvimento de projetos ligados à economia azul, estando para tal a trabalhar na otimização do ambiente de negócios para estas empresas. Esta foi uma das ideias centrais manifestadas no painel da Web Summit desta sexta-feira intitulado ‘A deep-dive into Portugal’s blue-economy future’ (em português, ‘Um mergulho no futuro da economia azul de Portugal’).

Apesar de ser um conceito recente no que toca à adoção do mar como um ativo e um meio no qual desenvolver projetos inovadores, como relembrou Helena Vieira, a diretora-geral da Autoridade Marítima Portuguesa, os últimos anos têm sido de evolução rápida.

“Em termos de inovação e investimento, temos três programas principais criados pelo sector público para investir em economia azul: o Fundo Azul, gerido diretamente pelo Ministério do Mar para investir em economia azul emergente, o Programa de Crescimento Azul, do esquema de bolsas da Agência Europeia do Ambiente, que conta com 40 milhões de euros para investir em economia azul em Portugal e em parcerias entre Portugal e outros países, e ainda o Mar2020, um programa operacional focado nas pescas e aquacultura”, destacou Helena Vieira.

A diretora-geral indicou ainda que Portugal quer “criar uma espécie de Simplex para o mar”, de forma a agilizar o arranque de projetos e melhorar o ecossistema de investimento no país, algo que identifica como chave para a concretização do potencial marítimo nacional.

Apesar do potencial vasto de atividades inseridas neste conceito de economia azul constituir uma das principais forças do mesmo, ao impactar diversas indústrias e sectores, este facto constitui também uma das principais desvantagens ao fragmentar investimentos e o seu contexto, sublinha Rúben Eiras, coordenador no Fórum Oceano, o cluster nacional para a economia azul.

“O que é preciso é o digital, para atingir mais eficiência nas operações, e obter mais informação sobre a operação, não só para aumentar eficiência, mas também a sustentabilidade”, argumenta Rúben Eiras. “Olhando para o ambiente de investimento, a economia azul é o ponto crucial de ESG para o investimento nesta década”, avança.

Pedro Rocha Vieira, diretor executivo da consultora de inovação Beta-i, destacou também as várias áreas onde a tecnologia tem já um impacto na área da economia azul, como por exemplo no sector do transporte marítimo, que foi um bom pioneiro por “acreditarmos que os portos e transportadoras marítimas constituem um ecossistema mais desenvolvido”.

Outro exemplo apresentado foi o investimento da Beta-i numa empresa que se encarregou da digitalização de todo o processo de compra de peixe nas lotas aos pescadores, que também permite monitorizar o local e captura e condições de transporte do peixe. “Há muitas áreas onde vemos desenvolvimento tecnológico”, resume.

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