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Web Summit. UE deve aprender com os erros e evitar tensões sociais com uma resposta rápida e coerente

A Comissária Mairead McGuinness defendeu que os apoios às economias, depois de uma desorientação inicial, foram rápidos e eficientes e relembra que os fundos do NextGenerationEU só estariam disponíveis após a aprovação de projetos alinhados com a visão da Comissão, pelo que o processo de decisão político, argumenta, não está a ser lento.
  • Eóin Noonan/Web Summit
4 Dezembro 2020, 18h25

Mairead McGuinness, a Comissária Europeia para os serviços financeiros, estabilidade financeira e para a União de Mercados de Capitais, acredita que a UE aprendeu com os erros do passado, nomeadamente da última crise financeira, e que esta agiu mais rápida e eficazmente do que é reconhecido. A ideia foi manifestada num painel da Web Summit desta sexta-feira.

Com o mote ‘Reconstruir: A economia em 2021’, a comissária começou por defender que as economias dos estados-membros devem ser apoiadas ao nível dos cidadãos e das empresas, quem verdadeiramente carrega o peso da crise instalada, mas que, ultrapassada uma descoordenação inicial, a UE atuou agilmente na resposta económica à Covid-19.

“De uma certa forma, e até fora da esfera política, mas mais no plano da indústria e dos serviços, várias foram as empresas que se conseguiram transformar muito rapidamente para um espaço virtual”, enalteceu McGuinness, que argumentou, ainda assim, que esta crise tem um impacto diferente para dados grupos sociais.

Para a comissária, os jovens são um foco de preocupação acrescida pois, por um lado, já careciam de estabilidade profissional e financeira antes da crise, ao qual agora acresce o isolamento e o maior impacto em termos laborais. Também os idosos criam preocupações, pela parte sanitária e psicológica, mas também por já terem sofrido com a anterior crise.

Assim, a resposta europeia teve de ser rápida. Depois do percalço inicial, em que Espanha foi questionada por outros países pela sua performance orçamental quando se deu o rebentar da pandemia, a responsável financeira na Comissão crê que a situação se alterou.

“Agora temos uma resposta muito mais coerente à pandemia. Temos compras coletivas acordadas para vacinas, tratamentos, testes”, destacou Mairead McGuinness. “Os estados-membros responderam de forma muito correta no que toca ao apoio financeiro ao afirmar que não podemos permitir que esta crise destrua empregos e a nossa economia, por isso vamos ter de a apoiar.”

Aos críticos da demora no processo de tomada de decisão política na UE, a comissária lembrou que o plano de recuperação económica da Comissão pressupõe a aprovação de projetos que promovam as diretrizes de desenvolvimento da instituição, o que significa um trabalho moroso e detalhado a fazer antes de qualquer fundo ser aprovado.

Relativamente a como se distribuirá a fatura desta crise entre os vários agentes da economia, Mairead McGuinness mostrou-se confiante na aprendizagem que constituiu a última crise, garantindo que terão de ser evitadas situações de descontentamento social para com as instituições políticas e financeiras nacionais e europeias.

“O Banco Central Europeu (BCE) tem sido particularmente forte no pedido para que se mantenham os apoios por causa desta situação única e particular, não alterem radicalmente ou retirem os apoios no imediato, mas, ao mesmo tempo, tem apelado a que se olhe para o médio/longo prazo e para como poderemos ultrapassar esta situação”, argumentou, defendendo ainda que as empresas que haviam contraído empréstimos no pré-Covid, por exemplo, não devem ver a sua viabilidade financeira colocada em risco por esta crise.

“Teremos de olhar para lá do lado financeiro, para identificar algumas vulnerabilidades que já existiam antes da pandemia”, resumiu.

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