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Wukan: A “aldeia da democracia” chinesa é hoje um lugar de resignação

A pequena localidade na China, que ficou conhecida como “aldeia da democracia” depois de ter estado no epicentro da luta contra a corrupção governamental, é atualmente um lugar asfixiado pelo controlo e repressão.
  • Reuters
11 Novembro 2017, 17h01

Na aldeia chinesa de Wukan, no sul do país, todo o cuidado é pouco. A pequena localidade, que ficou conhecida como “aldeia da democracia” depois de ter estado no epicentro da luta contra a corrupção governamental, é atualmente um lugar asfixiado pelo controlo e repressão. Onde outrora floresceu uma euforia democrática contagiante, reina hoje a desilusão e uma resignação generalizada.

A equipa de reportagem da ‘Reuters’ dá conta de que nas ruas, as câmaras de vigilância observam cada movimento dos moradores de Wukan. A atmosfera é asfixiante e ninguém se sente à vontade para falar livremente sobre o que quer que seja. Os informantes estão em toda a parte e mais de uma dezena de aldeões foram detidos, depois de terem levantado a voz contra o regime dito democrático.

Fontes no local indicam que um “grupo de trabalho” foi criado em Wukan para assegurar a “estabilidade” e a contenção da população da província. O grupo, com cerca de 100 funcionários a trabalhar em tempo integral, incorpora uma rede de informadores altamente difundida, patrulhas de segurança e sistemas de vigilância.

Em 2011, a pequena aldeia, na província de Guangdong, colocou-se no centro das atenções internacionais quando os aldeões iniciaram uma onda de protestos a exigir o retorno de terras comunais que haviam sido vendidas secretamente pelos membros do comité da aldeia, pondo a descoberto um vasto esquema de corrupção. O levantamento fez despoletar manifestações similares em toda a China. Wukan conseguiu depor o Governo da aldeia e realizar eleições democráticas.

No enatanto, o otimismo foi de pouca dura. O novo comité da aldeia rapidamente foi submetido às ordens dos governos locais e provinciais e os novos governantes não tiveram estofo para abanar o barco. Além disso, a segurança e o controlo popular na região aumentou notoriamente para reprimir possíveis intenções de retomar o controlo da aldeia e pôr em causa todo um sistema político estruturado.

“O que está a acontecer em Wukan é o que está a acontecer em toda a China”, afirma Zhuang Liehong, um ex-líder de protesto de Wukan. “É um reflexo obscuro da China, sem liberdade de expressão e sem nenhum direito individual”.

 

 

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