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Xi Jinping: o presidente com cargo vitalício

Depois de anos a acumular cargos e poder, o líder chinês garantiu que se poderá manter como Presidente o tempo que entender.
4 Dezembro 2018, 07h30

Nascido a 15 de junho de 1953, em Pequim, o actual presidente chinês é filho de Xi Zhongxun (1913/2002), um revolucionário que fez parte da primeira geração da liderança do regime comunista, veterano da Longa Marcha, que combateu ao lado de Mao Zedong contra os nacionalistas do Kuomintang e contra os invasores japoneses.

Xi Jimping nasceu, por isso, em ambiente privilegiado, pertencendo ao grupo dos chamados “príncipes do Partido”, mas não estava livre de perigos: quando tinha 10 anos, o pai foi detido no âmbito de uma das muitas purgas no tempo de Mao, pelo que a família atravessou uma fase complicada.

Nos anos seguintes, o próprio Jinping foi enviado para trabalhar no campo, no movimento “Subir às Montanhas, Descer às Aldeias”, ao que tudo indica sem estar imbuído de genuíno fervor ideológico.

Regressou a casa com 22 anos, sem ilusões sobre a Revolução Cultural, segundo afirmou numa entrevista que concedeu à televisão CCTV, em 2013: “No passado, quando falávamos nas nossas crenças, era tudo muito abstracto. Penso que a juventude da minha geração será lembrada pelo fervor dos Guardas Vermelhos. Mas era tudo emocional. E quando os ideais da Revolução Cultural não se concretizaram, provou-se que eram uma ilusão.”

Mais tarde, Jinping estudou engenharia química na Universidade Tsinghua e iniciou uma carreira política, primeiro aderindo à Juventude Comunista (1971) e depois ao Partido (1974). Nas três décadas seguintes, foi gradualmente subindo na hierarquia partidária, desempenhando funções em quatro províncias chinesas. Esteve nos Estados Unidos em 1985, para uma viagem de estudo ao Iowa22, nutrindo desde então uma forte admiração pelos americanos. A ponto de em 2010 enviar a sua filha, Xi Mingze, estudar para a Universidade de Harvard.

Para a sua ascensão nas fileiras do Partido terá contribuído a personalidade discreta e cautelosa: segundo os biógrafos, Jinping sempre procurou ser uma figura consensual, não tendo acumulado inimigos e não se envolvendo em escândalos de corrupção. E quando em 2007 assumiu a chefia do Partido na importante metrópole de Xangai, era já visto como o provável sucessor de Hu Jintao.

Como presidente, Xi Jinping prometeu um programa reformista, defendendo um reforço das regras do estado de direito e a implementação de reformas económicas. O combate à corrupção é outra das suas bandeiras, bem como uma política externa mais musculada, sobretudo nas relações sino-japonesas e na resolução do diferendo territorial com os países vizinhos, no Mar do Sul da China.

O reforço dos laços comerciais com a União Europeia é um dos pilares da estratégia do novo presidente chinês e Portugal desempenha um papel nesse desígnio. A 15 de Maio de 2014, Xi Jinping recebeu o Presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, num dos salões nobres do Grande Palácio do Povo, em Pequim.

“Concordámos em manter contactos de alto nível para intensificar a colaboração entre os dois países, criando assim uma base cada vez mais sólida para a cooperação bilateral”, disse na altura o presidente chinês, acrescentando que Portugal “é um bom amigo”.

Hoje estará em Portugal para uma visita de Estado onde se encontrará com Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.

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