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Yellen: Reforma fiscal não vai ter impacto nas subidas dos juros nos EUA

O banco central estima aumentar o ‘federal funds rate’ até 2,1% no próximo ano e 3,1% em 2020. No entanto, os cortes nos impostos não vão ter impacto no futuro porque já estão incorporados, incluindo na subida anunciada esta quarta-feira e na revisão em alta das estimativas de crescimento económico.
  • REUTERS/Yuri Gripas
13 Dezembro 2017, 20h36

A Reserva Federal norte-americana vai continuar a aumentar gradualmente os juros de referência até pelo menos 2020, mas os cortes nos impostos no país apresentados por Donald Trump não vão ser um fator determinante nas decisões. Na última conferência de imprensa que liderou como presidente da Fed Janet Yellen sublinhou que a política fiscal é apenas uma das variáveis usadas para ajustar a política monetária e que as mudanças que vão ter efeito no país já foram sendo incorporadas ao longo do ano.

Questionada sobre se os membros do Federal Open Market Committee (FOMC) discutiram a reforma de impostos, Yellen confirmou que foi tema de debate, mas desvalorizou o impacto.

“Os membros do FOMC já foram incorporando a lei fiscal que deverá ser aprovada nas projeções ao longo do ano”, disse, acrescentando que, tal como o Senado, a Fed também espera que o corte nos impostos para as famílias resulte num “estímulo adicional” à economia norte-americana.

A expetativa do Conselho de Assessores Económicos é que a reforma fiscal, que está em debate no Senado, tenha um impacto direto no produto interno bruto (PIB) anual de 0,8%. A Fed também reviu em alta a estimativa de PIB dos EUA, esperando agora que cresça 2,5% este ano e no próximo, mas desacelere para 2% em 2020.

Apesar de desvalorizar o papel da reforma fiscal no federal funds rate, Yellen afirmou estar “pessoalmente preocupada com a situação da dívida pública”. O Comité Fiscal e do Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA aponta que o corte provoque um aumento da dívida pública em 1,4 biliões de dólares nos próximos 10 anos.

“O rácio da dívida face ao PIB não é neste momento extremamente elevado, mas também não é baixo”, afirmou a presidente da Fed. “O acréscimo que a reforma vai trazer à dívida é uma preocupação para mim e sugere que, no futuro, o espaço para a política orçamental ter um papel ativo vai ser menor”.

Além de rever as perspetivas de crescimento económico, a Fed prevê que o desemprego fique em 4% nos próximos três anos, revendo a estimativa em baixa face à última reunião.

Já a inflação é estimada em 1,7% este ano e 1,9% no seguinte, sendo que Yellen identificou a meta de 2% inflação como tendo sido o que ficou por alcançar no seu mandato como presidente da Fed. Em 2019 e 2020, espera que a subida dos preços atinja o objetivo de 2%.

Face às projeções, a Fed subiu, esta quarta-feira, as federal funds rate para um intervalo entre 1,25 e 1,5%. No final do próximo ano, o banco central espera que os juros estejam nos 2,1%. No ano seguinte, estima 2,5% e 3,1% no final de 2020.

Janet Yellen ainda vai participar numa reunião do FOMC em janeiro antes de abandonar por completo o banco central, mas foi a última conferência de imprensa que liderou. A próxima reunião de política monetária será já presidida pelo sucessor Jerome Powell.

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