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Zona euro reconhece risco de recessão, mas promete medidas

Os governos da zona euro admitem que a guerra na Ucrânia aumentou o risco de recessão, mas descartam que a economia esteja inevitavelmente condenada a cair e prometem tomar medidas para combater a inflação e mitigar o seu impacto.
9 Setembro 2022, 21h31

“O risco aumentou, mas a recessão não é inevitável”, disseram o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohe, e o Comissário Europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, durante a conferência de imprensa após uma reunião em Praga dos ministros da Economia e das Finanças zona euro, que se centrou em como responder à crise devido à guerra na Ucrânia.

A subida dos preços da energia agravada pela invasão empurrou a inflação na zona euro para um recorde de 9,1% em agosto e obrigou a baixar as previsões de crescimento para os 19 países, a ponto de o Banco Central da União Europeia (BCE) antecipar uma recessão no caso de um corte total do gás russo.

Neste cenário, os ministros concordaram que vão continuar a “intervir para apoiar as famílias e empresas mais vulneráveis” face a um “desafio sem precedentes”: “temos de reduzir a inflação. Se não o fizermos os nossos cidadãos serão mais pobres durante mais tempo”, insistiu Donohoe.

A receita, no entanto, será diferente da ajuda universal que foi concedida durante a pandemia, quando a economia estava em recessão e o desemprego estava em alta.

As medidas devem ser temporárias e seletivas e, preferencialmente, baseadas na transferência de rendimentos e não na intervenção nos preços de mercado, concordam governos e instituições comunitárias, realçando ser uma combinação difícil de alcançar num momento de crescente pressão para deter a escalada de preços.

“Na nossa opinião, há espaço para que as medidas sejam mais limitadas às famílias e empresas mais vulneráveis, e temo-lo recomendado, mas reconheço que esse princípio não é fácil de implementar quando tantas famílias, também com rendimentos médios, e empresas estão a enfrentar dificuldades”, disse Gentiloni.

O vice-presidente da Comissão Europeia Valdis Dombrovski defendeu também ser necessário “encontrar um equilíbrio delicado entre promover o crescimento, controlar a inflação e proteger os mais vulneráveis”.

Além disso, os governos têm condições de financiamento mais duras e custos mais elevados de empréstimos, “o que reduz a margem de manobra”; e a política orçamental “não deve contrariar os esforços do BCE para reduzir a inflação”, disse Dombrovskis, um dia depois de a instituição presidida por Christine Lagarde ter subido as taxas de juro em 75 pontos base.

“O BCE vai atuar de forma decisiva para que os preços elevados de hoje não se consolidem e vamos afastar-nos da política expansionista ainda em curso”, mas “o BCE não pode fazer muito para baixar o preço do gás no mercado grossista ou reduzir as faturas de energia, esse é o papel dos governos”, disse a francesa após o encontro.

Além da política orçamental e monetária, os países concordam que a solução para a crise energética deve passar pela intervenção no mercado que os ministros da energia também discutiram hoje em Bruxelas, onde começaram a ser desenhadas medidas para dar liquidez às empresas de energia ou limitar os lucros das empresas que produzem energia a baixo custo.

Os ministros dos 27 países da União Europeia também deram ‘luz verde’ a uma nova tranche de 5.000 milhões de euros em assistência macrofinanceira urgente para que a Ucrânia continue a manter o funcionamento do Estado e dos serviços públicos, o que deverá ser aprovado oficialmente numa próxima reunião, já que a reunião em Praga é informal.

A União Europeia prometeu nove mil milhões de ajuda financeira para cobrir necessidades urgentes este ano, dos quais já validou seis mil milhões, mas poderá ser necessário aumentar este valor, explicou Dombrovskis.

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