[weglot_switcher]

10 Junho: portugueses na África do Sul “estão sentidos” com Marcelo

O dirigente Rogério Nascimento disse que a comunidade portuguesa “está sentida” por o Presidente da República não celebrar o Dia de Portugal na África do Sul. Entretanto, a ministra dos Assuntos Parlamentares defendeu a revisão dos instrumentos financeiros e de apoio do Estado.
9 Junho 2022, 21h33

O dirigente da Academia Mãe do Bacalhau de Joanesburgo, Rogério Nascimento, disse esta quinta-feira que a comunidade portuguesa no país “está sentida” por o Presidente da República não celebrar o Dia de Portugal na África do Sul como antes anunciado.

A celebração do Dia de Portugal na África do Sul foi anunciada pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, durante uma deslocação ao país, em fevereiro de 2020, no âmbito da preparação da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em junho, por ocasião das comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades.

Questionado sobre o facto de as celebrações não acontecerem na África do Sul pelo terceiro ano consecutivo, o dirigente da tertúlia luso sul-africana referiu que a comunidade portuguesa emigrante na África do Sul, uma das maiores no mundo, “está um bocadinho sentida” com Marcelo Rebelo de Sousa.

“Ele prometeu que vinha cá em 2020 e depois por causa da Covid não veio, em 2021 foi a Moçambique e a Angola, o pessoal está aqui um bocado chateado, porque se há Covid aqui também há em Angola e Moçambique, e podia ter vindo aqui, porque já não temos tantos casos que seja perigoso vir cá. Tanto é que temos agora os políticos que vêm cá e não têm medo de cá vir, nós estamos um bocado magoados”, afirmou Rogério Nascimento.

O dirigente falava à margem de um jantar no sul de Joanesburgo, com membros da Academia Mãe do Bacalhau, na véspera do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.

O encontro, que juntou na mesa Rui Rio e a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, em representação do Governo socialista, visou assinalar o 54.º aniversário da tertúlia lusa na capital económica da África do Sul.

“Nós nunca tivemos grandes apoios do Governo [de Portugal] aqui, não temos razão de queixa das instituições estatais, o consulado e a embaixada, mas a nível do Governo é o que se vê, eles não nos vêm visitar e estamos um bocado magoados com isso, mas não há nada a fazer”, sublinhou.

Entretanto, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares defendeu a revisão dos instrumentos financeiros e de apoio à solidariedade do Estado para responder melhor às necessidades das comunidades emigrantes, que “são hoje maiores”.

“O poder político só existe se puder estar ao serviço das pessoas e é por isso que julgo que há dois temas que são absolutamente essenciais nas comunidades e também aqui na África do Sul”, referiu Ana Catarina Mendes.

“Um é olharmos para os instrumentos financeiros do Estado social e de apoio à solidariedade, que devem ser revistos e devemos ver de que forma podemos melhor responder às dificuldades e às necessidades que são hoje maiores”, salientou.

Em segundo lugar, referiu Ana Catarina Mendes, “há um problema com a lei da nacionalidade, designadamente na questão da filiação”, acrescentando que “estão vários projetos em cima da mesa na Assembleia da República, que serão discutidos nos próximos tempos”.

“Julgo que para aqueles que são as gerações mais novas, o facto de o artigo 14 da lei da nacionalidade, que prevê a atribuição da nacionalidade originária aos filhos maiores, vai ser uma concretização e a remoção daquilo que são limites hoje à atribuição desta nacionalidade e mais cidadãos aqui podem adquirir esta nacionalidade”, sublinhou.

A governante sublinhou também que, no caso da emigração portuguesa na África do Sul, se está “a falar de uma comunidade com mais de 200 mil pessoas espalhadas por toda a África do Sul”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.