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6,4 biliões de euros. Saiba como a China prevê reanimar a economia após a pandemia

Cobre, aço e cimento. Segundo um estudo confidencial do Citi Bank, a que o Jornal Económico teve acesso, parece ser no aumento da procura destas ‘commodities’ que o governo liderado por Xi Jinping pretende assentar a redinamização da economia chinesa no rescaldo da pandemia, através do investimento sem precedentes em projetos de infraestruturas.
20 Abril 2020, 07h25

A República Popular da China decidiu avançar com um gigantesco plano de reanimação da economia interna do país para recuperar do impacto negativo provocado pela pandemia da Covid-19.

De acordo com um documento confidencial do Citi Bank, a que o Jornal Económico teve acesso, datado de 3 de abril passado, a presidência de Xi Jinping decidiu avançar com um programa alargado e sem precedentes de injeção de dinheiro na economia, no valor equivalente a cerca de 6,4 biliões de euros (sete biliões de dólares, ao câmbio atual), dos quais cerca de um bilião de euros são para aplicar ainda este ano.

Um número com muitos zeros, equivalente ao PIB – Prodxuto Interno Bruto de Alemanha, França e Suíça no ano passado.

A este montante, vão somar-se ainda, para já, mais 126 mil milhões de euros, em emissões obrigacionistas que os governos das 25 províncias chinesas já foram autorizados a emitir, dedicados exclusivamente a fomentar projetos de investimento em infraestruturas.

De acordo com este documento do Citibank, “o governo central chinês e vários níveis dos governos locais do país já anunciaram diversos estímulos para encorajar o autoconsumo, incluindo, mas não limitado, a manter e expandir a isenção de imposto de consumo e o subsídio à compra de novos veículos elétricos por um prazo de dois anos; proporcionar descontos na compra de veículos usados e novos; e uma flexibilização de quotas de aquisição de produtos nas regiões em que esses limites têm estado a ser implementados”.

A nova vaga de investimentos chineses vai assentar em projetos de infraestruturas, destacando-se a rede de 5G, com um total de 600 mil estações de difusão do sinal que deverão ser construídas ainda este ano; a rede de distribuição de energia elétrica em ultra alta tensão (UHV), linhas ferroviárias entre cidades, estações de carregamento para veículos elétricos, ‘data centers’, IA – Inteligência Artificial e ‘internet’ industrial.

De acordo com o mesmo estudo do Citi Bank, o setor automóvel chinês teve uma quebra de 79,5% na produção e de 79,1% nas vendas no passado mês de fevereiro face ao período homólogo de 2019, mas o nível de produção já se encontrava a 90% do seu nível normal no final de março.

Na engenharia e construção, o Cit Bank assinala que, fora da província de Hubei, que foi o foco inicial da pandemia, 89% dos principais projetos de infraestruturas na China já tinham sido retomados a 20 de março, uma taxa que subia para 90% em relação a projetos ferroviários, de autoestradas e de aeroportos.

Os analistas do Citi Bank esperam que no final do presente mês de abril essa taxa de retoma de projetos de investimento em engenharia e construção chegue aos 100%.

No que respeita às ‘commodities’, a taxa de retoma de produção das maiores companhias mineiras e refinadoras da China tinha chegado próximo do patamar dos 80% no final de fevereiro, esperando os especialistas do Citi Bank que a capacidade de refinação da China atingisse a capacidade total no final  de março.

Segundo esta análise do Citi Bank, os fatores chave para a retoma deste setor das ‘commodities’ na China são “o investimento ampliado em construções de ferrovias, autoestradas, aeroportos e projetos de energia que irão gerar uma procura acrescida por cobre, aço e cimento”, além dos projetos em ‘novas infraestruturas’, como a rede de 5G e os ‘data centers’, que “irão fomentar a procura por cobre”.

Desta forma, e apesar das crescentes críticas de dirigentes de outros países ao eventual encobrimento da situação na fase inicial desta pandemia, desde os Estados Unidos à França, passando pela Austrália, este plano demonstra que a China está disposta a virar a página desta crise, pelo menos na vertente económica.

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