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“A Huawei esteve imune a ameaças de segurança nos últimos 30 anos”

Tony Li, CEO da Huawei Portugal, afirma que planeia estender mecanismos como o centro de Segurança e Transparência, que será construído em Bruxelas aos “mais variados cantos do mundo”.
  • FILE PHOTO: Visitors walk past Huawei’s booth during Mobile World Congress in Barcelona, Spain, February 27, 2017. REUTERS/Eric Gaillard/File Photo
26 Janeiro 2019, 18h00

Ao longo de 2019, a Huawei vai desenvolver produtos com tecnologias de Inteligência Artificial (IA), Big Data e Cloud Computing. Em entrevista ao Jornal Económico, o CEO da tecnológica chinesa em Portugal fala ainda da importância do mercado português, onde são os telemóveis os favoritos da marca.

Qual o desempenho da região europeia, incluindo Portugal?

Em 2018, o rendimento total da nossa empresa ultrapassará os 100 mil milhões de dólares americanos. A Europa é o nosso maior mercado fora da China. Existem mais de 12 mil pessoas no continente e institutos de pesquisa em 13 países, com compras anuais que excedem os cinco mil milhões de dólares. Enquanto ajudamos a Europa a melhorar a sua competitividade, estamos a ajudar as empresas europeias a expandir para lá do continente, especialmente para o mercado chinês. Os nossos produtos e serviços têm tido uma ótima aceitação em Portugal. Hoje, somos o maior fornecedor móvel. Os últimos telefones da série Mate20 estão com muita procura.

Em que ponto está a cibersegurança nas prioridades?

Estamos empenhados na criação de um clima de confiança e elevada qualidade em todas as nossas infraestruturas de produto e nas soluções que desenvolvemos. Iremos fortalecer a capacidade de defesa dos nossos produtos, inclusive a habilidade para proteger a confidencialidade, integridade, e a avaliação de dados e serviços. Precisamos de assegurar operações sem falhas a longo prazo. O facto é que a Huawei não teve um incidente de rede muito grave e esteve imune a ameaças de cibersegurança nos últimos 30 anos. O nosso conselho administrativo decidiu iniciar um programa de transformação transversal que procura fundamentalmente realçar as nossas capacidades e práticas em programas de engenharia ao longo dos próximos cinco anos. Alocaremos um budget inicial de dois mil milhões de dólares para este programa, que cobrirá todos os produtos no negócio de infraestruturas ICT.

Que mecanismos usam para defender os clientes do cibercrime?

Temos aderido à estratégia de ‘whitening white’ ao longo de mais de uma década. Compreendemos que os clientes e reguladores poderão ter mais preocupações relativamente à Huawei, por isso desenvolvemos a certificação independente do equipamento, programação, e soluções através de agências de segurança independentes. Aumentaremos o investimento básico na segurança relativamente a isto. No primeiro trimestre deste ano, planeamos abrir um Centro de Segurança e Transparência em Bruxelas. Futuramente planeamos estender estes mecanismos de transparência aos mais variados cantos do mundo.

Depois do recorde de 200 milhões de smartphones exportados em 2018, o que vislumbram para 2019?

Em 2019, na era dos 5G, da IA e da Internet of Things, bem como tudo o que está conectado com a Intelligence, a Huawei trará mais produtos interessantes aos consumidores. Estamos ansiosos por lançar o primeiro smartphone 5G. É no desenvolvimento da direção de novas tecnologias, tais como a IA, Big Data, Cloud Computing, e os campos relacionados com o consumidor, como PC, que nos concentraremos mais para ocuparmos essa mesma liderança.

O que exigem os operadores da Huawei no negócio das transportadoras?

Compreendemos as preocupações dos operadores. Do ponto de vista técnico, o ambiente do futuro está a tornar-se cada vez mais complicado. Da perspetiva do ambiente de rede, o futuro tornar-se á cada vez mais aberto, sem conectar em exclusivo as pessoas, mas também com o objetivo de conectar objetos.

Que impacto teria o bloqueio que Trump pondera sobre equipamentos fabricados pela Huawei e ZTE?

Os EUA representam um dos maiores mercados de comunicação do mundo, mas há muitos outros de grande dimensão. Na situação atual, o nosso negócio no país encontra-se algo limitado, como tal, nesta altura o impacto não tem grande expressão. Acreditamos no futuro desenvolver a atividade nesse mercado mas, a curto prazo não temos perspetivas.

Artigo publicado na edição 1971, de 11 de janeiro do Jornal Económico

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