Não é minha característica olhar para a realidade de uma forma cética ou pessimista, mas é com grande preocupação que encaro a situação em que nos encontramos com Portugal em segundo lugar, apenas antecedido pela Suécia, na lista de países europeus com mais casos de Covid-19 por milhão de habitantes, aquele que é o indicador mais relevante para uma leitura comparada da nossa situação face aos restantes. Ora essa situação, para além de nos colocar numa lista negra de destinos interditos a portugueses em diversos países, é extremamente penalizadora para o sector turístico afastando os visitantes que olham para Portugal com um natural receio e nos afastam das suas opções de viagem.

Se olharmos atentamente para a lista de países que exclui os portugueses de entre os seus visitantes autorizados, vemos que todos eles têm em comum algo que em Portugal não existe, i.e. todos obrigam à entrega de testes à Covid-19 à chegada aos seus aeroportos ou, em alguns casos, à realização no local.

À chegada à Áustria é necessário apresentar um teste com resultado negativo com não mais do que quatro dias, ou em alternativa realizar o teste no próprio aeroporto. A República Checa obriga também à apresentação de teste negativo à chegada, a Estónia à realização do mesmo no próprio aeroporto. Na Grécia, que tem tido uma atuação para a qual deveríamos olhar como benchmark e exemplo no caminho para a recuperação do Turismo – que recordemos vale ou valia 15% do nosso PIB – após a realização de testes à chegada aos aeroportos é obrigatório um confinamento de 24 horas até ao resultado do mesmo, e quarentena no caso de esse resultado ser positivo.

Por entendermos que estes bons exemplos devem ser seguidos quanto antes – e que aliás é de muito difícil entendimento a razão para não estarem já a ser entre nós colocados em prática – o CDS-PP apresentou uma proposta na Assembleia da República e uma recomendação ao Governo através da Câmara Municipal de Lisboa, para que seja obrigatória a apresentação ou em alternativa a realização de testes à chegada aos nossos aeroportos. A medição de temperatura dos passageiros nas chegadas não é – obviamente – suficiente para garantir o que quer que seja quanto à presença do vírus.

Por um lado, esta obrigatoriedade permitirá controlar a saúde dos turistas que nos visitam e reduzir em muito os contágios. Por outro, reforçará a imagem do país lá fora, transmitindo uma perceção de segurança e de lógica por parte das nossas autoridades de saúde na sua atuação.

É indispensável que este passo seja dado para que o Turismo não sofra ainda mais no tempo os efeitos da pandemia, apenas por uma má decisão que facilmente, inclusive do ponto de vista logístico, poderá ser resolvida. Soubemos recentemente pelos jornais que o número de testes está a descer em lugar de subir, como era propalado pelo Governo. Isto é inaceitável e deve ser corrigido quanto antes. A começar pelos aeroportos.

 

O CDS-PP já apresentou uma proposta para alteração na especialidade do Orçamento Suplementar que permita alargar o apoio extraordinários aos sócios-gerentes. É uma medida de elementar justiça e que entendemos deve ser inclusive alargada aos sócios-gerentes das médias empresas.

 

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