Estamos na época das apresentações de resultados semestrais, mormente no setor financeiro. Confirmando-se aquilo que aqui prevíamos há quase dois anos, os bancos apresentaram resultados, rendibilidades, rácios de capital e de custos de transformação que os colocam como opções válidas de investimento e capazes de levantarem capital nos mercados.

Centro, por hoje, a minha atenção nos resultados do Millennium bcp, um banco que joga na Polónia, e não apenas em Portugal, as suas ambições, o que é de enaltecer. Resultados excelentes, com forte progressão da margem financeira em Portugal, significativa contenção de perdas na Polónia e bons resultados em África. Rendibilidade dos capitais próprios acima dos 16%, algo inédito em quase duas décadas. E, ponto importante, acima dos níveis de rendibilidade que os investidores exigem para o setor financeiro. Bravo.

Por isso, o previsível regresso ao pagamento de dividendos em 2024 que tornará o banco mais atrativo, potencialmente mais valorizado e prestigiado aos olhos de atuais e potenciais acionistas e obrigacionistas.

São bons indicadores, para quem, como nós, acredita que empresas saudáveis são condição primeira para remunerar condignamente acionistas e trabalhadores.

Nesse sentido, com a inflação subjacente a dar sinais de resistência, e depois da brutal perda de poder de compra a que os trabalhadores bancários (ativos e reformados) foram sujeitos no ano passado, existem todas as condições para que o banco valorize os seus trabalhadores, nomeadamente atualizando as suas tabelas de remuneração e demais cláusulas de expressão pecuniária em valores não inferiores aos do setor.

Teimar em manter propostas de três pontos percentuais, quando quase todo o setor alinhou em quatro e meio, ou valor superior, é irrazoável, desvalorizador dos trabalhadores e um golpe na sua lealdade e profissionalismo.

Afinal, importa recordar, o Millennium bcp sempre teve um ADN de liderança, de valorização da relação com os seus clientes, de inovação, tudo temas que sem os trabalhadores teriam sido impossíveis.

Será importante que no leque dos stakeholders do banco não se caia na tentação de desvalorizar os trabalhadores, mais a mais tendo estes sofrido uma violenta reestruturação há apenas dois anos. Por isso, dizemos agora aqui, como o dissemos em maio de 2019 no Taguspark, nas manifestações contra o despedimento coletivo de 2021, e em diversos outros locais, que é justo valorizar e prestigiar os trabalhadores do Millennium bcp.

As tabelas do Acordo Coletivo de Trabalho são uma excelente forma de o fazer. Tem a palavra o Dr. Miguel Maya.