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Abanca não comenta recuo da Cofina em comprar a Media Capital

Depois da Cofina anunciar que deixou cair a compra da Media Capital, o Abanca que ia acompanhar o aumento de capital da empresa liderada por Paulo Fernandes, diz que não comenta. A operação que ficou pelo caminho, previa que os três (Paulo Fernandes, Mário Ferreira da Douro Azul e Abanca) ficassem com cerca de 51% da Cofina que integraria a Media Capital. 
  • Juan Carlos Escotet Rodríguez, presidente do Abanca
11 Março 2020, 19h15

O Abanca não quis fazer comentários à desistência da Cofina em comprar a Media Capital, anunciada na madrugada desta quarta-feira.

“Não vamos comentar”, disse o banco espanhol que se preparava para acompanhar o aumento de capital da Cofina de 85 milhões que foi cancelado, para ficar com 10% da empresa que tinha na mira uma Oferta Pública de Aquisição sobre a dona da TVI.

As más condições do mercado de capitais condenaram ao fracasso o aumento de capital de 85 milhões de euros. Este aumento de capital em cash servia para financiar a compra da Media Capital.

O Abanca, que é acionista da Media Capital, com uma participação de 5,05%, tinha previsto vender esta posição na OPA lançada pela Cofina. Depois, este dinheiro seria usado para o banco galego comprar uma posição de cerca de 10% da Cofina, no âmbito do aumento de capital da empresa liderada por Paulo Fernandes.

“Para levar a cabo o acordo de aquisição por parte da Cofina, vamos acompanhar o aumento de capital para manter a posição que detemos e que é ligeiramente abaixo de 10% da Cofina com Media Capital dentro”, disse o CEO do banco há cerca de um mês e meio.

A operação que ficou pelo caminho, previa que os três (Paulo Fernandes, Mário Ferreira da Douro Azul e Abanca) ficassem com cerca de 51% da Cofina que integraria a Media Capital.

O empresário Mário Ferreira, que entrou no aumento de capital através da Pluris Investments, tinha acordado entrar com 20 milhões de euros. Caso o aumento de capital tivesse chegado a bom porto, o dono da Douro Azul tornar-se-ia no segundo maior acionista da Cofina, ficando com 15%. O empresário do setor do turismo, que se mostrou supreendido com a decisão da Cofina, disse ao Jornal Económico que “da minha parte cumpri com aquilo a que me comprometi, subscrevi todo o montante do capital que me pediram e me facultaram para subscrever”.

Para levar a cabo o negócio acordado com a Prisa, maior acionista da Media Capital, a Cofina aprovou um aumento de capital de até 85 milhões de euros.  Mas a Cofina revelou, na primeira hora desta quarta-feira, que o aumento de capital para captar 85 milhões de euros não foi bem sucedido pois não conseguiu colocar o total de ações previsto e que por isso já não vai comprar a Media Capital, dona da TVI.

Este seria um dos mecanismos usado pelo grupo liderado por Paulo Fernandes para financiar o negócio com um ‘enterprise value’ (incluindo dívida) de 205 milhões de euros, menos 50 milhões do que inicialmente previsto após a atualização em baixa das audiências e dos resultados. O grupo dono da CMTV garantiu ainda um empréstimo para financiar o negócio junto do Santander e do Société Générale.

Ao desistir, a Cofina perde os 10 milhões de euros de caução que deu à Prisa, tal como refere a notícia do Expresso. A empresa espanhola já veio entretanto dizer que vai iniciar ações legais contra a dona do Correio da Manhã por alegada violação do contrato assinado em 20 de setembro de 2019 e alterado em 23 de dezembro de 2019.

O aumento de capital iria elevar de 25,6 milhões para 110,6 milhões o capital social do grupo de media e seria feito através de uma “Oferta Pública de Subscrição com subscrição reservada a acionistas no exercício do direito de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição, através da emissão de 188.888.889 (cento e oitenta e oito milhões, oitocentos e oitenta e oito mil, oitocentas e oitenta e nove) novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal”, segundo referiu o grupo em comunicado na altura.  O preço de subscrição foi fixado em 45 cêntimos.

Mas a empresa de Paulo Fernandes anunciou ao mercado que “terminado o período da oferta pública de subscrição de 188.888.889 novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal, e estando em fase de finalização o apuramento dos respetivos resultados, é desde já possível concluir que o número de ações subscritas não atinge o total de ações objeto da oferta pública”.  Por outras palavras, a Cofina não conseguiu os 85 milhões de euros necessários para financiar a compra da Media Capital, a empresa dona da TVI.

Em consequência de a oferta pública [de subscrição] ficar sem efeito, o aumento de capital não será objeto de registo comercial, “não se encontrando verificada a última condição suspensiva de que depende o fecho da operação de aquisição, pela Cofina à Promotora de Informaciones [Prisa], de ações representativas de 100% do capital social e direitos de voto da Vertix, SGPS, que por sua vez é titular de ações representativas de 94,69% do capital social e direitos de voto da Grupo Média Capital SGPS, conforme estabelecida no contrato de compra e venda celebrado em 20 de setembro de 2019 e alterado em 23 de dezembro de 2019”, diz a empresa em comunicado.

Por conseguinte, não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Média Capital) previsto no contrato de compra e venda, conclui a Cofina.

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