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Acordo nuclear: Irão informa que texto final não passa de uma proposta

Mais uma dificuldade em Viena: as autoridades ocidentais, nomeadamente da União Europeia, atribuíram um caráter definitivo a um texto que Teerão se apressou a especificar que é apenas uma proposta em estudo.
10 Agosto 2022, 16h41

Após quatro dias de negociações em torno do regresso do acordo nuclear de 2015, os negociadores do Irão, Estados Unidos e do grupo de países P4+1 foram às suas capitais para consultas sobre um texto apresentado pelo coordenador geral.

Na passada segunda-feira, a equipa de negociação iraniana regressou a Teerão após concluir conversas sobre uma série de questões que há muito aguardam uma decisão política dos Estados Unidos. Durante as negociações, o Irão apresentou os seus pontos de vista e houve progressos relativos em relação a algumas questões, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.

No último dia de negociações, Enrique Mora, coordenador da União Europeia (UE) e que tem servido de mediador entre Teerão e Washington, apresentou algumas propostas e o Irão forneceu uma resposta preliminar que implicaria ainda uma decisão final, só possível após uma revisão completa por parte do governo, liderado por Ebrahim Raisi.

Agora, Teerão, voltando-se para a UE, acusa o chefe de política externa do bloco, Josep Borrell, de anunciar o fim das negociações, embora ainda houvessem questões pendentes. O regime do Estado islâmico afirma que Borrell quis dar a entender que o texto que apresentou já não seria passível de alterações e que o Irão teria de o subscrever ou desistir.

Teerão diz que não é nada disso e que o texto firmado esta semana está a ser analisado pelo governo, sendo posteriormente alvo de uma resposta, essa sim final. Segundo a imprensa iraniana, o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão criticou a União por confundir propostas com um texto final.

“A União Europeia, como coordenadora das negociações, não pode apresentar as suas propostas como um ‘texto final’ porque a tomada de decisões a esse respeito está apenas nas mãos das partes negociadoras”, dizia fonte daquele Conselho, citada pela imprensa. “Ninguém pode falar de um texto final quando a República Islâmica do Irão, como uma das principais partes das negociações, não reconhece o texto existente como um acordo final”, acrescentava.

Agora, diz a imprensa, Teerão teme que o acordo não venha a ser assinado e que as culpas caiam sobre o Irão – o que, alerta o Conselho, não pode acontecer.

Especialistas citados pelas mesmas fontes acreditam que a apresentação do texto como final por Borrell pode ter como objetivo pressionar o Irão a concordar com o que foi negociado até agora.

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