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Aeroportos portugueses estão a perder 42,6% dos passageiros face ao período pré-pandemia

Em janeiro, a TAP transportou pouco mais metade dos passageiros face a janeiro de 2020. Companhia aérea nacional perdeu quota face à Ryanair. Aeroporto do Porto perdeu 46% dos passageiros em relação ao pré-pandemia.
15 Março 2022, 17h45

É um dos melhores indicadores do estado de saúde do turismo português. O número de passageiros que chegam ou partem dos aeroportos nacionais mostra quantos turistas estão a chegar para férias ou visitas a Portugal e o cenário de janeiro de 2022 é preocupante.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta terça-feira, “em janeiro de 2022, movimentaram-se nos aeroportos nacionais 2,1 milhões de passageiros“ o que é bom face a 2021 (muito impacto pelas restrições da Covid-19, especialmente no início desse ano), mas mau quando comparado com o último janeiro “normal”, o de 2020, quando ainda não tinha sido declarada a pandemia. Em relação a janeiro de 2020, os aeroportos nacionais ainda estão a perder 42,6%.

Vamos aos números. “O aeroporto de Lisboa movimentou 56,6% do total de passageiros (1,2 milhões) e registou um crescimento de 189,2% face a janeiro de 2021 (-44,4% comparando com janeiro de 2020). Considerando os três aeroportos com maior tráfego anual de passageiros, Faro evidenciou o maior acréscimo do número de passageiros movimentados no mês de janeiro (+316,1%) revelando consequentemente o menor decréscimo face a janeiro 2020 (-41,4%). De salientar que o aeroporto da Madeira foi o terceiro aeroporto com maior movimento de passageiros no mês de janeiro de 2022 (168,6 mil, +220,3%), superando o aeroporto de Faro”, sublinha o INE.

Também é possível perceber como foi o tráfego no Porto: o aeroporto Francisco Sá Carneiro movimentou 476 mil passageiros em janeiro deste ano, uma quebra de 46,2% face ao mesmo mês de 2020.

Ou seja, por ordem: Lisboa ainda está a perder 44,4% dos passageiros face ao pré-pandemia; o Porto perde 46,2% e o aeroporto com melhor desempenho dos três, Faro, perde 41,4%. E se não há turistas nos aeroportos, isso pode dever-se a uma de duas razões: ou não há interesse no destino Portugal ou as companhias aéreas não os estão a transportar. Os números indicam que as companhias estão, na sua grande maioria, a transportar menos turistas de e para Portugal, ainda que com ritmos diferentes.

Para ver esses números temos de recorrer aos dados da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC). Os números da ANAC são muito semelhantes aos do INE (que recorre ao regulador para as suas estatísticas), mas excluem a duplicação de passageiros transportados no tráfego doméstico. Ainda assim, é possível ver o comportamento das principais companhias aéreas a operar em Portugal.

Em janeiro deste ano, a TAP transportou 658,3 mil passageiros. Mais uma vez, o número representa uma grande recuperação face a 2021. Mas em janeiro de 2020 a transportadora aérea nacional – que está a receber ajudas de até 3,2 mil milhões de euros dos contribuintes portugueses – tinha transportado 1,23 milhões de passageiros. Ou seja, está a perder quase metade (-47%) dos passageiros que transportava antes da pandemia. A segunda companhia com mais passageiros transportados em janeiro foi a Ryanair, com 427,5 mil pessoas. Esse número representa uma quebra de 35,7% face a janeiro de 2020. Já a easyJet (que para efeitos de comparação soma os números da easyJet Europe Airline GmbH e da easyJet Airline Company Limited) transportou 184,5 mil passageiros em janeiro último (uma redução de 42,6% face a janeiro de 2020).

Um outro dado importante ao comparar as companhias aéreas é o peso de cada uma no total do transporte aéreo em Portugal. E, nesse campo, as duas principais companhias – a TAP e a Ryanair – vão em rotas opostas: a TAP está a perder quota e a companhia irlandesa está a ganhar terreno. Se em janeiro de 2020, a TAP tinha um peso de 37,09% no somatório de todos os aeroportos (sobretudo graças à sua base, em Lisboa) em janeiro deste ano essa percentagem já tinha emagrecido para 34%. Já a Ryanair está com um peso de 22,2% de todo o transporte aéreo de passageiros de e para Portugal, quando em janeiro de 2020 tinha 19,5%.

Para o futuro, a Ryanair continua a anunciar novas rotas a partir de Lisboa (se bem que tenha ameaçado cortar 19 delas no verão, em protesto contra os slots da TAP). A companhia aérea nacional está pior: por imposição de Bruxelas (em troca da ajuda estatal) vai ter de cortar 18 slots diários (autorizações de descolagem e aterragem em períodos específicos), o que afetará ainda mais a sua posição dominante. A easyJet já indicou que vai fazer ofertas por esses slots.

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