Nos últimos dias, foi alcançado o acordo de rendimentos entre o Grupo Negociador das Instituições de Crédito (GNIC) e os mais representativos e maiores sindicatos bancários.

O ano passado tinha sido marcado por um acordo que alguns, e só alguns, assinaram nos primeiros dias do ano e que consubstanciou a maior redistribuição de rendimentos de trabalho versus capital, no setor financeiro, desde o final dos anos 1970, em desfavor dos trabalhadores.

Porque os trabalhadores bancários, ativos e reformados, não se conformaram e um sindicato houve que deu voz à sua indignação e protesto cívico, foi possível encetar a negociação deste ano noutros moldes.

Esse sindicato relembrou a situação assimétrica em que os bancários perderam poder de compra e os bancos ganharam rendibilidade; prometeu um diálogo construtivo, mas defendendo com tenacidade, independência e competência técnica os seus argumentos; por fim, colocou em cima da mesa temas como os ganhos de produtividade, ritmos de trabalho e descanso, inflação, carreiras, condições de acesso à habitação, entre outros.

Nalgumas destas questões foi possível obter ganhos: tabelas-base e diuturnidades serão atualizadas a uma taxa de 4,5%, retroativas ao início deste ano; o acesso a casa própria será menos inacessível e as condições dos trabalhadores-estudantes, e dos subsídios inerentes ao trabalho, melhorados.

Outros temas não tiveram vencimento, por ora, mas não os deixaremos cair e voltarão, ano após ano, até que se adotem as melhores práticas. Iremos continuar a defender que uma parcela dos lucros seja distribuída, por determinação de contrato coletivo, por todos os trabalhadores (ativos e reformados) bancários. E continuaremos a defender o desbloquear das promoções em todos os níveis, a partir de uma certa antiguidade.

Ao longo de 2022, não nos conformámos com o atípico acordo em que alguns colocaram a sua assinatura, e por isso fizemos recurso aos bons ofícios, teóricos, da DGERT. E não tivemos receio de organizar manifestações, a última das quais no dia 12 de janeiro, já deste ano, quando o GNIC insistia ainda em atualizações de 2,5%! Sobre a DGERT, tema que nos ocupará os próximos meses, ou anos, falaremos em maior pormenor em data oportuna.

Como em tudo, existem operadores que ainda não seguiram o exemplo dos seus pares. Porque acreditamos que têm condições para serem mais ambiciosos. Ainda que olhando às especificidades de cada um. E porque acreditamos no brio e no mérito profissional dos seus trabalhadores, tudo faremos, sem pausas e com a habitual acutilância, para os trazer à razão e para que o bom senso prevaleça.