[weglot_switcher]

“Agora ou nunca”. Cientistas alertam para a necessidade urgente de reduzir emissões para limitar subida da temperatura a 1,5ºC

O Painel Intergovernamental da ONU frisa que será necessário atingir rapidamente o pico para que seja possível entrar em fase descendente ainda antes de 2025.
4 Abril 2022, 16h27

A nova conclusão do Painel Intergovenamental para a Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês) não deixa margens para dúvidas: o tempo de ação “é agora ou nunca”. Sem redução imediata nas emissões, será “impossível” limitar subida da temperatura a 1,5 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais. Para limitar a subida da temperatura, o “pico” das emissões tem de acontecer até 2025, no máximo – e terá de ser reduzido em 43% até 2030.

O alerta tem vindo a ser reiterado nos últimos meses, à medida que os especialistas e cientistas continuam a criticar a falta de ação por parte dos agentes políticos e económicos, mas agora, o novo relatório do organismo das Nações Unidas, divulgado esta segunda-feira, frisa que é necessária uma ação “rápida, profunda e imediata” para cortar as emissões de CO2.

“Alguns governos e líderes empresariais dizem uma coisa, mas fazem outra. Por outras palavras, estão a mentir. E os resultados serão catastróficos”, cita a “BBC” parte das conclusões do relatório que sublinha que um aumento da temperatura superior a 1,5 graus Celsius resultaria em “ondas de calor sem precedentes, tempestades assustadores e escassez generalizada de água”.

A boa notícia é que este último relatório do IPCC mostra que ainda vamos a tempo de mudar, ainda que exija transformações a nível da produção de energia, indústria, transporte, padrões de consumo humano e a relação humana com a natureza.

Ficar abaixo de 1,5 graus Celsius, de acordo com o IPCC, significa que as emissões de carbono  da atividade humana devem atingir o pico em 2025 e cair rapidamente depois disso, atingindo as zero emissões líquidas ainda em meados deste século. Para contextualizar, a quantidade de CO2 que o mundo emitiu na última década é a mesma que nos resta para ficar abaixo desse limite de temperatura chave.

“Acho que o relatório nos diz que atingimos o ponto de “agora ou nunca” em termos de limitar o aquecimento a 1,5°C”, explicou uma das autoras do relatório do IPCC, Heleen De Coninck, à “BBC”, reiterando que “temos que atingir o pico de nossas emissões de gases de efeito estufa antes de 2025 e, depois disso, reduzi-las muito rapidamente. E teremos que fazer emissões negativas ou remoção de dióxido de carbono na segunda metade do século, logo após 2050 para limitar o aquecimento a 1,5°C.”

De acordo com os investigadores do painel, os próximos anos serão críticos porque se as emissões não forem reduzidas até 2030, será quase impossível limitar o aquecimento no final deste século.

Ainda que fique claro que as florestas e a agricultura possam ajudar na redução das emissões de gases com efeito de estufa, os investigadores frisam que “a terra não pode compensar as reduções de emissões que têm sido adiadas nos outros sectores”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.