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Amar a dança, dar o corpo à dança: o legado do Ballet Gulbenkian em filme

Documentário de Marco Martins retrata os 40 anos da companhia que marcou a dança, o público e todos os que lhe deram corpo. Uma história de paixões, “com um final turbulento”. Estreia no cinema a 16 de junho.
7 Junho 2022, 16h50

“Afinal, o que é a dança?”. Esta é uma das muitas perguntas que ecoam no documentário “Um Corpo que Dança – Ballet Gulbenkian 1965-2005”, de Marco Martins, que estreia no próximo dia 16 de junho nas salas de cinema portuguesas. Não faltará quem recorde essa companhia de “roqueiros de dança”, de bailarinos que respiravam dança, que davam o corpo à dança.

Marcou o século XX. Marcou públicos e profissionais de diversas áreas. Serviu de espelho à sociedade portuguesa, acompanhou as suas mudanças profundas, experimentou avidamente, participou na abertura de Portugal ao mundo exterior, após o 25 de Abril. E, não menos importante, deixou um enorme legado à dança portuguesa.

Em “Um Corpo que Dança – Ballet Gulbenkian 1965-2005” há desabafos como “não havia ensino, não havia técnica, não havia companhias [de dança]…”. Ser bailarino era desprestigiante, uma ousadia, um vexame. As imagens de arquivo – algumas delas inéditas –, os testemunhos, entrevistas a criadores, historiadores, bailarinos e diretores do Ballet Gulbenkian como Vasco Wellenkamp, Milko Sparemblek, José Sasportes, Olga Roriz, Jorge Salavisa, Clara Andermatt, Paulo Ribeiro, Ricardo Pais, João Fiadeiro, Vera Mantero, Isabel Ruth e a dezenas de outros bailarinos que fizeram História, e a história do Ballet Gulbenkian ilustram tudo isso e mais. Sendo que este “mais” é, de facto, o que realmente importa, pois neste “vulcão” criativo que se mudou a forma de pensar e fazer dança em Portugal.

São 40 anos de vida, desde a sua génese no início dos anos 60 até à extinção em 2005, que Marco Martins percorre neste documentário. Tem emoções à flor da pele, música e corpos que dançam, claro. E parte de “um desejo antigo de Jorge Salavisa”,  bailarino e coreógrafo que assumiu a direção artística do Ballet Gulbenkian, entre 1977 e 1996, e que veio a revelar-se uma peça fundamental na sua identidade e renovação.

Esse desejo foi formulado por Salavisa “ao longo dos anos e em diversas ocasiões. (…) Sabia como era particularmente ambicioso fazer um filme sobre os quarenta anos de uma companhia que formou grande parte das novas gerações da dança e um público exigente e conhecedor. Uma companhia envolta numa certa mitologia, rodeada de paixões e, como todas as paixões, com um final turbulento”, realça o realizador.

É tudo isso que está plasmado em “Um Corpo que Dança – Ballet Gulbenkian 1965-2005”, de Marco Martins, que também assina o argumento em colaboração com Ana Bigotte Vieira, João dos Santos Martins, Luiz Antunes e Maria José Fazenda. O documentário que estreia em sala a 16 de junho e será exibido na RTP em data a anunciar, tem música original de Filipe Raposo.

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