[weglot_switcher]

António Costa apela ao PS para “impor derrota da candidatura da extrema-direita xenófoba” nas presidenciais

Secretário-geral socialista viu aprovada uma moção que dá liberdade de voto aos dirigentes e militantes, distribuindo elogios ao primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa e uma saudação especial a Ana Gomes entre as candidaturas que “defendem a Constituição da República Portuguesa e o aprofundamento da nossa democracia”.
  • antonio_costa_legislativas_altis_2
    Mário Cruz/Lusa
7 Novembro 2020, 19h02

António Costa apelou neste sábado, na qualidade de secretário-geral do PS, aos militantes, simpatizantes e eleitores do partido para que se mobilizem nas eleições presidenciais de janeiro de 2021 e “imporem a derrota da candidatura da extrema-direita xenófoba”, deixando implícito, sem nunca o nomear, que se referia ao presidente e deputado único do Chega, André Ventura.

No final de uma reunião da comissão nacional do PS em que foi aprovada, com apenas duas abstenções e cinco votos contra, a liberdade de voto aos militantes nas presidenciais, por entre elogios ao primeiro mandato presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa e uma saudação particular à ex-eurodeputada socialista Ana Gomes entre as “candidaturas já apresentadas que defendem a Constituição da República Portuguesa e a consolidação e aprofundamento da nossa democracia”, Costa também lançou críticas ao “facto da maior gravidade” de Rui Rio ter chegado a um acordo entre o PSD e o Chega para viabilizar o governo regional dos Açores.

“O PSD deve uma explicação ao país. A direita democrática na Europa tem traçado uma linha vermelha muito clara de que não há entendimentos com a extrema-direita xenófoba”, disse o também primeiro-ministro, enumerando exemplos como a recusa da chanceler alemã Angela Merkel de aceitar alianças com a Alternativa para a Alemanha, na senda das “linhas vermelhas” que também se têm visto em Espanha. “Independentemente do que diga o acordo, que é secreto, a normalização da extrema-direita xenófoba é abrir a porta aos inimigos da democracia”, insistiu o líder socialista.

Segundo o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, o combate à pandemia, a recuperação económica e social do país e a preparação do futuro coletivo são as prioridades nacional, mas isso não implica que o partido desvalorize as eleições presidenciais.

Quanto a Marcelo Rebelo de Sousa, que ainda não confirmou oficialmente a intenção de se apresentar a votos, António Costa deixou clara a avaliação positiva, valorizando “em particular o entendimento da função presidencial, a proximidade com os portugueses, a solidariedade institucional com todos os outros órgãos de soberania e a forma como tem assegurado a representação externa do Estado português”.

Apesar de garantir que irá “manter o maior recato” quanto à eleição presidencial, António Costa não deixou de salientar o “contributo muito importante” de Marcelo Rebelo de Sousa aquando da superação da crise económica em que Portugal se encontrava no início da coabitação, vendo decisiva a sua cooperação “nesta fase em que temos de enfrentar uma emergência sanitária, económica e social” e antecipando que “não deixará de ser importante na fase subsequente de reconstrução de Portugal depois da pandemia de Covid-19”.

Respondendo a perguntas de jornalistas sobre a possível divisão dos socialistas entre Marcelo Rebelo de Sousa e Ana Gomes – que passa a contar com o apoio muito relevante do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, líder oficioso da ala mais à esquerda do PS -, António Costa comentou que os dirigentes do partido “distribuem-se por uma pluralidade mais ampla de candidaturas, excetuando naturalmente a candidatura da extrema-direita xenófoba”. Sendo certo que a deputada Isabel Moreira já anunciou que votará no candidato presidencial comunista Isabel Moreira, fica por apurar quais, a existirem, serão os apoiantes socialistas de Marisa Matias e de Tiago Mayan Gonçalves.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.