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António Costa vs André Silva: um debate “sem divisões” com o PAN a elogiar “evolução positiva” do PS

Debate entre dirigentes mostrou proximidade nas questões orçamentais. Divergências apareceram no ritmo de encerramento das centrais a carvão, na agricultura e no turismo intensivo.
11 Setembro 2019, 22h05

O debate entre António Costa (PS) e André Silva (PAN), esta quarta-feira, revelou proximidade entre os dois dirigentes partidários quanto a matérias orçamentais. E, no capítulo ambiental, o socialista ouviu um elogio do deputado ecologista quanto à “evolução positiva” do PS durante a legislatura, apesar de subsistirem divergências na agricultura e no turismo intensivos.

“Tem havido por parte do PS, nos últimos quatro anos, uma evolução positiva do PS nas matérias ambientais”, reconheceu André Silva, atribuindo esse avanço à oposição feita pelo PAN no Parlamento, que conseguiu levar os socialistas a tomar posições mais favoráveis ao ambiente.

O deputado do PAN assinalou depois que o PS peca, em “algumas matérias”, por ser “pouco ambicioso”, porque “coloca a primazia do crescimento económico sobre a conservação dos habitats e dos ecossistemas”, dando o exemplo do ritmo demasiado lento de encerramento das centrais a carvão no país.

Costa retorquiu manifestando-se comprometido com as questões ambientais e a emergência climática – lembrou que criou o ministério da transição energética -, mas que “não podemos comprometer-nos com o encerramento das centrais a carvão sem haver alternativas seguras” que não causem uma “disrupção” do abastecimento do país. “Nos objetivos não há uma divisão entre nós. Há talvez uma divergência quanto ao ritmo”, disse.

André Silva criticou também o modelo de crescimento “pouco sensato” quanto à carga turística e à agricultura com mais impactos no ambiente, nomeadamente a facilitação do olival intensivo. “O PS está a transformar o Alentejo num olival intensivo”, criticou, sublinhado os efeitos nocivos na erosão e contaminação dos solos.

António Costa refutou a acusação com estatísticas. “O Alentejo tem três milhões de hectares e 170 mil são dedicados ao olival. E a parte relativa ao olival intensivo é 1,5% da área do Alentejo”, disse, argumentando que o PS segue uma “visão equilibrada”. “Não queremos um regime económico de predador, mas temos de gerar riqueza e autossuficiência para o país. Não podemos ser um país que não aproveita os seus recursos”, afirmou.

Num debate com elevado interesse político – caso o PS não obtenha maioria absoluta, abre-se a possibilidade de eventuais acordos com o PAN, que tem vindo a crescer nas sondagens – o tom acabou por ser de concordância em matérias orçamentais.

André Silva defendeu que Portugal deve “cumprir os tratados”, mas não é necessário ir mais além. “O PS pretende – e bem – reduzir a dívida face ao produto, fazer investimentos públicos e garantir excedentes orçamentais”. O deputado frisou que o PAN é “um bocadinho mais conservador” e prefere apontar para um saldo orçamental de 0,5%, em vez da eliminação total do défice, para que haja “alguma folga” para mais benefícios sociais e investimento público caso haja uma desaceleração económica.

Costa frisou também a necessidade de uma consolidação orçamental equilibrada. “Se tivermos saldos primários positivos sem cortar salários e pensões, dá-nos mais margem para enfrentar uma crise”.

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